[Contém spoilers]
É raro um piloto ser tão bom que me faz querer saltar do sofá e pôr-me em frente ao computador a escrever uma review para tentar persuadir as pessoas a verem um dos melhores pilotos que já vi até hoje. E foi isso que fiz. De Dag, ou O Dia, em português, de Jonas Geirnaert e Julie Mahieu, estreou ontem à noite na RTP2, com Chapter One, Outside, o primeiro dos seus 12 episódios. A série belga de 2018 acompanha o assalto a um banco sob várias perspetivas: a das forças especiais, da imprensa, dos criminosos, das vítimas e das suas famílias.
Das poucas séries belgas que vi, todas elas se destacaram pela qualidade geral do produto final e esse foi um dos pontos que me fez querer espreitar esta. Além disso, o enredo pareceu-me interessante e tem alguns atores que já conhecia de outra série, onde tinham tido excelentes desempenhos. Dito isto, fui com as expectativas muito altas para o episódio e Chapter One, Outside de De Dag mostrou-se um exemplo a seguir: primeiramente, em termos de realização, depois de argumento, e foi também uma aula de representação com ótimos professores.
O argumento está muito bem escrito. Ficamos presos desde o primeiro minuto. Às vezes, quando estamos a começar a ver uma série e ainda não nos ambientámos, os primeiros minutos costumam ser um pouco difíceis de acompanhar, mas isso não acontece aqui. As personagens que nos são apresentadas neste primeiro episódio são completamente credíveis, assim como toda a trama. Sem cair em exageros e com o ritmo certo, toda a tensão criada em volta da situação de reféns no banco reflete a angústia das famílias das vítimas, as dúvidas de um negociador no seu início de carreira e a aparente calma de quem já está habituado a este tipo de situações.
A realização deste episódio foi aquilo que mais se destacou. O plano sequencial no início do episódio quando eles estão a chegar ao local do assalto conquistou-me. Aliás, ao longo dos 40 minutos deste primeiro episódio de De Dag todo o trabalho de câmara é excelente. O som, muito timidamente, esteve lá a acompanhar todo o desenrolar do episódio, fazendo-se notar de quando em vez, quando a tensão se começava a acumular. Os atores tiveram desempenhos sólidos, transmitindo aquilo que Os personagens pediam e ajudando assim a dar forma a esta história no pequeno ecrã.
Para terminar, temos um final que é o auge do episódio, é o desespero de um pai a tentar acudir ao choro de um filho na tentativa de o salvar, sem perceber que pode estar a fazer exatamente o contrário. O telespectador assiste à cena, impotente, sabendo que por muito que grite, a cena está filmada e já conseguimos prever o final. E assim dou por terminada esta review, com bastantes expectativas para os episódios seguintes e com esperança de que tenham ficado com vontade de dar uma espreitadela à série.
Cláudia Bilé