[Não contém spoilers]
Ora bem, Wink Club eram uns desenhos animados transmitidos no canal Panda. Em pequena, era super mega fã. Eu e a minha irmã passámos muitas horas a ver as várias temporadas da série. Até há bem pouco tempo, ainda não tinha ouvido falar da adaptação da Netflix e quando vi o trailer pensei: “Das duas uma, ou vou adorar ou detestar a série”. Por isso decidi fazer a review do episódio piloto de Fate: The Winx Saga, To the Waters and the Wild.
Para mim, as séries de adolescentes na Netflix ou são muito boas ou péssimas. Temos o exemplo de Sex Education, que é capaz de ser das melhores séries do géneros que alguma vez vi. Depois há o desastre que é Riverdale e as suas histórias absurdas. Fate: The Winx Saga tinha a seu favor o facto de não haver muitas séries de fantasia de adolescentes a circular por aí. Chilling Adventures of Sabrina acabou em dezembro e abriu espaço para as Winx poderem brilhar sozinhas.
Não gosto nada de ser a má da fita, até porque li algumas críticas favoráveis (e se calhar a série melhora ao longo dos últimos cinco episódios), mas eu odiei este primeiro episódio de Fate: The Winx Saga. Foi uma profunda tortura assistir ao episódio completo. Se não tivesse de escrever esta review, tinha deixado aquilo a meio.
O facto de já não ser uma adolescente que devorava séries como The O.C., Gossip Girl e One Tree Hill não quer dizer que já não aprecie uma boa série teen como guilty pleasure. Confesso que é um género que já não me atrai (regra geral não vejo, com a exceção de Sex Education), mas ainda consigo ser imparcial e ver uma série como se fosse eu com 16 ou 17 anos.
Comecemos pelos personagens. Pelo amor de Deus, como é possível 90% dos atores serem maus, mas maus que dói? Até dá a impressão que a Netflix fez de propósito para escolher o pior do pior que havia nos castings. A começar pela personagem principal, Bloom. Apeteceu-me dar-lhe várias chapadas ao longo dos 50 e tal minutos de episódio. Sim, percebemos logo que ela era uma sofrida, incompreendida pelos pais e pelos colegas da escola. Bloom basicamente agiu como se fosse melhor do que toda a gente. Stella, uma das colegas de apartamento (?) de Bloom, que era a minha personagem favorita nos desenhos animados, é a típica menina má (a sério que continuam a colocar as loiras como bullies?) e as atitudes dela foram uma idiotice pegada. Espero muito que melhore, rezo para tal! Sky é como na série original: lindo, loiro e ex-namorado de Stella. Do pouco que mostrou, parece ter zero personalidade. O seu amiguinho rebelde é igual.
Felizmente, ainda houve personagens que se aproveitaram, mas que apareceram tão pouco que até isso considerei como negativo. Aisha promete muito, mas passou o episódio inteiro “obcecada” com Bloom. Terra é adorável e adorei o facto de misturarem isso com o seu ar mais sombrio. Também gostei do facto de ela ser uma rapariga plus size, mas odiei terem usado o peso dela para fazer bullying. Por favor que não a tornem na “amiga gordinha” que depois tem uma mega transformação e toda a gente passa a gostar dela. Será que algum dia vamos ter algum personagem em séries de adolescente com um corpo que não seja de modelo e que isso não seja um dos focos da personagem? Uma pessoa pode sonhar! Também achei Musa e a sua capacidade de sentir as emoções dos outros muitíssimo interessante. No entanto, nenhuma destas personagens teve o destaque que merecia durante o episódio. Deram protagonismo a Bloom, Stella e Sky, que reúnem todos os clichês que estamos habituados a ver.
A história em si não mexeu muito comigo: fadas que vêm de todas as partes do universo para estudar em Alfea e uma ameaça antiga a matar pessoas fora dos limites da escola. Temos ali vibes de Stranger Things e do filme A Quiet Place no design das criaturas. Não há nada de novo, nada de excitante, nem nada que me mantivesse motivada a continuar. As séries não têm de inventar a roda, mas aqui é óbvio que os produtores se agarraram ao sucesso dos desenhos animados e nem se deram ao trabalho de melhorar nada. Aliás, ficou mil vezes pior. Para além do episódio aborrecido, ainda notei o whitewashing que fizeram das personagens Terra (a personagem original chamava-se Flora e tinha origem latina) e Musa (que supostamente era asiática).
E tu, o que achaste desta nova série? Achaste que foi bem fraquinha ou até te prendeu o suficiente para ver mais?
Maria Sofia Santos