[Não contém spoilers]
Chega amanhã aos ecrãs portugueses The Walking Dead: World Beyond e o Séries da TV já viu o primeiro episódio. Com a notícia de que a 11.ª temporada da série-mãe será a última, as atenções focam-se agora nas suas descendentes e a expectativa em relação a esta produção era muita. Conseguirá o spin-off continuar o legado de TWD ou, pelo contrário, seguirá o caminho da sua irmã Fear the Walking Dead, que demonstra ser um fracasso que se prolonga há cinco temporadas?
Confesso que quando anunciaram mais um spin-off de The Walking Dead a minha primeira reação foi revirar os olhos (e sim, revirei novamente quando anunciaram o de Carol e Daryl). Há uns longos cinco anos, aquando da estreia de FtWD, o entusiasmo não podia ser maior. Pensei que finalmente iríamos ter respostas para o porquê de o apocalipse ter começado. Mas não. FtWD é um tiro completamente ao lado. Não serve qualquer propósito além de aborrecer os espectadores temporada após temporada. E, como é óbvio, tenho as mesmas reticências no que toca a World Beyond.
Além de ter receio que seja apenas mais uma repetição das outras duas séries suas predecessoras, tenho ainda dúvidas em relação aos protagonistas: adolescentes. Não me apetecia muito ver duas temporadas de um drama ao estilo da The CW mas com zombies à mistura. Com base neste primeiro episódio ainda não consigo concluir se o spin-off passará essa barreira e se revelará uma produção mais madura e com os pés assentes na terra, mas posso dizer que gostei do que vi. As prestações dos jovens atores foram medianas, mas dou destaque a Nicolas Cantu no papel de Elton. Parece-me que haverão boas cenas com ele nos próximos episódios.
Não estejam à espera de um piloto estrondoso, porque não há nada disso. Diria que para primeiro episódio Brave deixou a desejar, era preciso algo mais para ficarmos com aquela vontade inexplicável de ver o episódio seguinte. Houve uma apresentação sólida das personagens, bons diálogos e uma ou outra cena de maior tensão. No entanto, no geral, não me ficaria gravado na memória. O plot continua, na sua essência, a ser demasiado óbvio. Essa parece ser uma característica inerente a todo o universo TWD, porque nem mesmo a série-mãe se consegue livrar disso passados dez anos.
O que mais me chama a atenção em World Beyond, e pegando no que referi acima sobre FtWD não ter dado respostas que procuro desde a 1.ª temporada de The Walking Dead, é o potencial da série para explicar tudo o que continua com um ponto de interrogação lá marcado: qual é a origem do vírus? Como se propagou? Há cura? Qual o verdadeiro impacto que causou no mundo? Como se encontram os outros continentes? Enfim, todas estas e mais algumas questões que me passam pela cabeça desde que este universo entrou na minha vida e que teimam em encontrar respostas concretas. Será este spin-off o pote de ouro no fim do arco-íris? Não sei se trará todas as respostas, mas creio que algumas sim.
De forma geral, World Beyond apresenta-se possivelmente como apenas mais um spin-off. O piloto não demarcou a série em nenhum aspeto específico e não fosse o facto de gostar tanto deste universo o mais provável era não continuar a ver. Ainda assim, parece-me que há espaço para evolução e visto que a temporada só tem dez episódios (a série no seu todo terá apenas duas temporadas) não haverá tempo a desperdiçar com cenas inúteis. O fator mais relevante desta série é a organização dos três círculos, a que levou Rick de helicóptero no final da 9.ª temporada de The Walking Dead, sobre a qual ficamos a saber um pouquinho mais neste primeiro episódio. Se será o suficiente para suportar toda a série? Provavelmente não, mas só os próximos episódios o dirão.
Beatriz Caetano