Borgen, a nova série da Netflix, que estreou na plataforma no passado dia 1 de setembro, aborda as complexidades políticas que existem em torno da eleição da primeira mulher como primeira-ministra da Dinamarca, no seu staff, nos jornalistas que traçaram a sua ascensão e nas pontas que unem estes mundos. Nesta série poderemos então ficar a conhecer um pouco mais das complexidades da política dinamarquesa e de tudo o que gira em volta deste universo, o bom e o mau.
Este primeiro episódio teve um ritmo moderado, mas ao mesmo tempo cativante com uma forte liderança feminina e com alguns momentos e reviravoltas interessantes. Por exemplo, Birgitte Nyborg Christensen (Sidse Babett Knudsen), que está a concorrer para primeira-ministra por causa do stress está com um pouco de peso a mais e tudo o que este problema traz à tona foi bem representado, pelo menos para mim, sendo-nos mostrado apenas o suficiente para nos deixar cientes de que as mulheres enfrentam um escrutínio diferente dos homens e muitas vezes mais julgativo tendo em conta a sua imagem corporal.
Gostei da maneira como a relação entre o jornalismo e a política foi abordada e como nos mostra que realmente o jornalismo pode interferir muito no vencedor de umas eleições, são eles que fazem chegar ao público geral o que querem e da maneira que querem. Achei também interessante Phillip (Mikael Birkkjær), o marido de Birgitte, que assume a liderança na criação dos filhos mas também exibe uma excelente cabeça para a estratégia da sua esposa. Confesso que gosto quando os casais de TV se sentem confortáveis o suficiente um com o outro para falar de negócios e para ouvir com sinceridade as opiniões dos seus parceiros, sem ser uma coisa excessivamente sentimental.
Claro que nem tudo foi perfeito, por exemplo acho que como as coisas foram tecidas para chegar ao ponto fulcral que culmina numa das reviravoltas deste episódio foram demasiado coincidentes e irreais (este amontoado de acontecimentos sequenciais e acidentais nunca, ou muito dificilmente, aconteceria na vida real). Mas acho que também não vale a pena focar muito nos pequenos aspetos negativos, até porque o episódio em si, para mim, foi muito bom, todas as peças foram bem construídas e juntadas quase na sua perfeição, tendo os atores com grandes prestações em muito contribuído para isto.
Concluindo, para quem gosta de um bom drama que se desenrola a um ritmo moderado mas sempre com coisas “grandes” a acontecer vai certamente gostar desta nova aposta da Netflix, pelo menos é o que me parece depois de ver este primeiro episódio. Já agora, um facto engraçado, um ano depois desta série ter sido transmitida na Dinamarca, os dinamarqueses elegeram pela primeira vez uma primeira-ministra.
Filipe Tavares