Centrado na vida de John (Barry Brewer), o pilot de Bruh explora a relação de um grupo de amigos de infância que lida com as tensões típicas de lidar com relações, amizades e carreiras. Como “elo fraco” do grupo, John debate-se com a dificuldade de aceitar o sucesso dos seus amigos enquanto tenta provar o seu próprio valor.
Como comédia, e em geral no que toca ao argumento, o pilot de Bruh deixa um pouco a desejar. O episódio não é mau, mas também não surpreende e não passa muito dos mínimos que seriam de esperar de uma sitcom. O enredo apresenta um problema inicial (a dívida que John tem para com os amigos e a relutância destes mesmos amigos em continuar a apoiá-lo) e uma panóplia de possibilidades de complicações para o futuro da série. Ao contrário do que é habitual, este problema central não é episódico, não serve apenas como base sobre a qual o resto da história se constrói e será, ao que parece, o fio condutor da série – ou, pelo menos, de toda a temporada. Isto é, para mim, um dos pontos de destaque da série.
Outro ponto de destaque, e o que verdadeiramente brilha, são as personagens. John, Mike (Phillip Mullings Jr.), Tom (Mahdi Cocci) e Bill (Monti Washington) são de tal forma complexos e genuínos que fazem a série. Seja a influência de Tyler Perry, seja porque os atores são de facto magníficos, estes quatro amigos conseguem ser complexos e interessantes o suficiente para compensar os aspetos mais banais da série.
Sem precisar de grandes efeitos e apoiada fortemente nos ombros das personagens principais, Bruh é uma série que promete mais do que parece à superfície. Não é o tipo de comédia que nos faça rir de piadas fáceis. É o tipo de comédia que nos surpreende pelo seu lado mais profundo e que faz rir pela maneira como alivia a tensão. É real e honesta e promete agarrar-nos pela maneira como nos envolve. Apesar das suas imperfeições, mas especialmente pela maneira como as combate, é uma série que promete valer a pena.
Raquel David