Upload é uma das novas apostas da Prime Video, que já tem disponível o primeiro episódio na plataforma. Baseada numa realidade alternativa onde tudo é conduzido pela inteligência artificial, a série traz-nos um refrescante contraste entre o poder da tecnologia e a conexão humana.
Robbie Amell é Nathan Brown, um miúdo de 27 anos, programador, que morre num acidente de um carro automático (algo que não era suposto acontecer) e que graças à sua incrivelmente rica namorada tem a possibilidade de, antes de morrer, enviar a sua consciência para uma plataforma de inteligência chamada Upload – Lakeview que se pretende assemelhar ao céu. Lá, Nathan Brown vive numa realidade alternativa onde é acompanhado por um ‘angel’ ( Nora Antony, protagonizada por Andy Allo) enquanto faz a transição da vida real para a realidade artificial.
A construção do mundo e dos avatares é uma sátira, ao mesmo tempo que aparenta ser perfeita. Desde as falhas e os bugs no design do lago ou dos bots assistentes, ao facto de existir uma backdoor no código que é visível a todos os avatares, Upload aparenta querer ser o mais realista possível dentro da imaginação. Quem sabe não seria assim mesmo a primeira tentativa de uma realidade destas?
Neste primeiro episódio de Upload não há muito sumo de enredo. Talvez o intuito tenha sido só mesmo o de apresentação, não fosse o título do episódio Welcome to Upload. Sabemos que Nathan morreu cedo demais – quem sabe não terá sido por obra de terceiros -, sabemos que a sua namorada rica não é alguém que ele queira manter na sua vida-depois-da-morte, sabemos que Nora é uma miúda solitária e que encontra em Nathan uma espécie de conexão e companhia diferente e no final do episódio percebemos que alguém está a tentar apagar das memórias de Nathan informação que não querem que eventualmente se saiba.
Por toda a tecnologia que Upload mostra de forma gratuita, estamos constantemente a ser puxados para a essência das relações e das interacções humanas. Um dos momentos mais importantes deste episódio é a primeira conversa “ao vivo” entre Nora e Nathan. Cansado da irrealidade de Lakeview, Nathan decide quase suicidar-se e só quando Nora baixa a guarda e foge aos protocolos e mostra o seu lado humano a Nathan é que ele começa a acalmar e a aceitar a sua nova normalidade. Também ficamos a perceber nesta conversa que algo um bocadinho mais profundo se vai desenrolar entre Nathan e Nora – uma vez que a química das personagens foi muito evidenciada nesta cena. Uma história de amor utópica, talvez?
Quem criou esta série devia estar à procura disso mesmo: de constantes contrastes que nos permitissem sentir em casa e até atraídos pelo mundo de Upload enquanto apreciamos a série apenas como entretenimento. Desde a música dos late 90’s, early 2000’s até ao facto de as consciências fazerem coisas totalmente humanas para se manterem sãs, como comer ou ir à casa de banho, ou dormir.
Tive algum receio que por estar catalogada como série de comédia, não fosse ter paciência para os 42 minutos. Se não sabem já, não, eu não sou fã de séries de comédia. Mas de facto não senti que Upload fosse uma comédia no sentido purista da coisa. Tem momentos engraçados, sarcásticos, irónicos… O suficiente para esboçar um sorriso mas não demasiado forçado. Gostei.
Chegada ao final deste primeiro episódio e confesso que não sei em que caixa encaixar Upload. Não foi incrível, mas acho que tem algo mais a contar do que aquilo que nos trouxeram os primeiros 40 minutos da série. Mais do que o teaser da história de romance proibido de Nathan e Nora, deixa-me curiosa saber se afinal Nathan foi vitima de foul play ou se me vou cansar por ser mais um romance banal. O tempo dirá!
Joana Henriques Pereira