[Não contém spoilers]
Criada por Ryan Murphy, Hollywood explora várias narrativas nos anos 40, onde cada personagem oferece uma perspetiva única da era dourada de Hollywood, focando-se nos sistemas injustos e tendenciosos da época e que ainda existem nos dias de hoje.
Dizer que estava entusiasmada com esta série, é pouco. Ainda assim, não formulei muitas expectativas até porque a premissa que nos é dada inicialmente é um pouco vaga. O nome chama a atenção e quando percebo que é sobre cinema, sei logo que tenho de lhe dar uma hipótese. E não desapontou. Surpreendeu.
Hollywood acaba por, na minha ótica, brilhar em todos os aspetos possíveis – uns mais, outros menos, claro; mas não há assim nenhuma falha grave que lhe consiga apontar. O que mais me deslumbrou foi, sem dúvida, a parte técnica: desde a realização, ao guarda-roupa, a cenários, à paleta de cores e à banda sonora, o espectador é completamente transportado para a época em questão.
A interpretação dos atores é excelente, salvo algumas exceções de atores com personagens de menor relevo, pelo que acaba por não afetar muito a experiência de visualização. O piloto consegue introduzir bem o que tratará a minissérie e consegue avançar a passos largos também, o que me agradou. Não foi lento, teve movimento e dinâmica, tal como associo aos anos 40.
Para uma série que retrata uma época muito preconceituosa, sinto que arriscou e conseguiu inserir alguma diversidade na mesma, sem nunca descorar o contexto histórico, algo que destaco e considero muito importante. Todas as personagens introduzidas no piloto são bastante interessantes, sendo que o protagonista foi o meu favorito – talvez porque me reveja um pouco nele e na sua forma de pensar em relação à importância do cinema e dos sonhos.
A nível de enredo, não vou dizer que está excelente, mas digo que fiquei surpresa. Sabia que muitos atores e artistas em geral iriam ter dificuldades em integrar o mundo do cinema após a guerra e que iriam ter de fazer sacrifícios, mas fiquei totalmente surpreendida em relação ao que os indivíduos em questão passaram para conseguir por pão na mesa enquanto não desistiram dos seus sonhos. Confesso que talvez um defeito que possa ter seja a leveza com que aborda todo o tema. No entanto, a leveza acabou por atribuir à série um cariz mais divertido.
Já li alguns títulos de artigos que mencionam que a série mistura factos e ficção. Não pude ainda verificar se essas diferenças são, realmente, graves, pois a maioria desses artigos fala na temporada no global, e, não querendo levar com spoilers, guardá-los-ei para ler no final. Mesmo assim, não costumo considerar estas divergências como aspeto negativo – não se trata de um documentário que promete ser fiel, é mais uma peça de ficção que pega em elementos da realidade e os replica de uma forma original.
Aquilo que vi hoje foi precisamente o que considero um ótimo piloto, desenvolveu-se de tal maneira que eu não estava mesmo à espera do que aconteceu no final do episódio. Vou, sem qualquer dúvida, continuar a ver Hollywood. Recomendo a qualquer amante de cinema ou a alguém que goste de um bom drama com componente histórica (nem que seja na indumentária e na banda sonora).
Ana Leandro