Love 101 é uma série turca que decorre nos anos 90 e centra-se num grupo de adolescentes marginalizados que se unem para fazer com que a professora preferida se apaixone e tenha um motivo para não deixar a cidade.
Depois de passar 21 anos sem consumir qualquer tipo de conteúdo turco, 2020 foi o meu ano. Depois de ter visto dois filmes, decidi ver uma série também. Aproveito para recomendar Mustang, dos melhores filmes que vi este ano (o outro filme acho que já todos viram e falaram sobre ele).
Agora sobre Love 101, admito que estava um bocadinho entusiasmada. Adoro espreitar séries onde o inglês não é falado e adorei a ideia de um drama de adolescentes turco. Já vi Élite e gostei bastante, mas este não foi o caso. O problema está na série em si, mas também na Netflix. Permitam-me explicar o meu problema… Depois de Everything Sucks, Sex Education, The End of F***ing World, Élite, Stranger Things e outras tantas como I’m Not Okay With This ou Never Have I Ever (duas séries que ainda não tive a oportunidade de ver) não basta que a série seja de adolescentes para me cativar. Com tanta oferta, é imperativo que se destaque e, infelizmente, sem ser o facto de ser turca, não há nada que a diferencie ou sequer iguale no mesmo patamar às anteriormente listadas. Este piloto abriu caminho para uma série que seria ok ter saído há dez anos para posteriormente ser dobrada para português e colocada nas manhãs de sábado da SIC – não quero criticar estes programas, em criança via e adorava, mas cada coisa no seu lugar.
Não sei se é por ser turca, nem quero deduzir coisas com base no preconceito, mas é certo que para uma série que retrata a adolescência, Love 101 não arriscou em nada. Apenas um bando de jovens (que nem o parecem, talvez por os atores terem todos mais de 20 anos) que se comportam mal… Talvez seja só do piloto e provavelmente veremos os problemas das suas vidas mais bem explorados nos seguintes episódios, mas não me parece que vá ser de uma forma crua como já nos habituamos a ver noutras séries.
Confesso que achei estranha toda a premissa – e bastante infantil. Estranho porque sendo democráticos, o facto de uma pessoa ser contra o castigo dos jovens não deveria anular a opinião de onze. Infantil porque ver um grupo de pessoas a fazer com que uma professora se apaixone simplesmente o é. E nem quero desenvolver o quão retrógrado é pensar que se a professora em questão se apaixonar não irá embora na mesma. Para além de que a razão para não quererem que a mesma deixe a escola é intrinsecamente egoísta e já estou a prever que no final haverá algum tipo de redenção.
Bem, já vimos que o enredo não brilhou e não convenceu; os próprios atores não fizeram mais do que uma prestação razoável, mas também não houve nenhuma cena para que se conseguissem exceder. Gostaria de tocar na banda sonora, pois fui reparando que inseriram muitas músicas turcas, mas numa certa cena incluíram a Should I Stay or Should I Go dos The Clash. Achei um pouco inconsistente tendo em conta todo o reportório anterior e não gostei da escolha. A canção é de todos, sim, mas neste momento, nesta geração, é muito associada a Stranger Things e tendo em conta que são ambas séries que decorrem no mundo adolescente, não considerei muito original – mas sei que posso estar a ser mesquinha.
Se houve algo que realmente me interessou na série foi o início e o final. Confesso que não percebi nada dos flashforwards ou do presente, como lhe queiram chamar, mas fiquei curiosa. No entanto, não o suficiente para continuar a ver. Tendo em conta todas as séries do mesmo género que mencionei, aconselho a que vejam todas as outras antes de se debruçarem sobre esta.
Ana Leandro