Vamos então falar sobre Stateless, o novo drama australiano de seis partes da ABC australiana, que estreou no passado dia 1.
Quando decidi ver esta série não sabia que era baseada em factos reais e nem tão pouco sabia que englobava tantos atores conhecidos e bons, tal como por exemplo Dominic West e Cate Blanchett. Cate, que também faz parte dos criadores da série, juntamente com a escritora Elise McCredie e Tony Ayres, aparece aqui como co-líder de um culto ao qual Sofie (Yvonne Strahovski), uma das personagens principais, é atraída.
Posto isto, confesso que foi uma surpresa agradável, até porque do que tinha visto até ao momento sobre esta série, nada me indicava que o episódio de abertura estava realmente bom… No entanto, posso dizer que foi um episódio com bastante drama e emoção, mas também lento e cuidadoso nos seus passos, quase sem pressa, apelando à empatia de qualquer um.
Consegui sentir e familiarizar-me com o desespero sentido por Yvonne, que interpreta Sofie, uma mulher germano-australiana que se vê obrigada a fugir de um culto, com base na história da vida real de Cornelia Rau. Para além de Sofie, Stateless é um drama que engloba o problema de mais três pessoas – um refugiado, um pai preso a um emprego sem saída e um burocrata à beira de um escândalo nacional – que acabam, as quatro, por ter as suas vidas convergidas num campo de detenção de imigração no deserto. O que poderá despoletar daqui? O que acontecerá com cada um deles?
Esta primeira hora foi focada principalmente em atrair os espectadores para a vida dos personagens, mas não senti alguma vez que algo fosse forçado e, para ser sincero, nem dei pelo tempo passar, achei apenas que há partes muito ficcionais e que dificilmente aconteceriam na vida real. Quando virem, vão perceber do que falo! Gostei também da clássica abertura inicial in medias res, forçando o público a fazer perguntas fundamentais, do género “Como chegou ela aqui? O que será que se passou?”, que assumimos que serão respondidas a seu devido tempo. Talvez o sejam, talvez não.
Será difícil para mim o hiato de uma semana entre os episódios, pois gosto normalmente de consumir tudo em pouco tempo. No entanto, acho que, ao mesmo tempo, este ritmo oferece ao espectador algo que vem a faltar cada vez mais no consumo de TV atualmente: consideração e reflexão. Por vezes, um episódio não nos parece tão bom na hora, mas passado uns dias, depois de fermentar na nossa mente, apercebemo-nos que foi na realidade bastante bom e que teve pormenores de que na altura não nos apercebemos. Em Stateless aconteceu-me exatamente isto, gostei do que vi quando vi, mas agora que já o fiz há alguns dia parece-me ainda melhor.
Embora Stateless não seja uma experiência fenomenal, o drama ganhou vida com este piloto. Foi emocionante… é emocionante, e isso dói (um doer bom). Se tiverem tempo, vejam e depois digam o que acharam!