[Pode conter spoilers]
Queen Sono é a primeira série original Netflix africana e conta com a participação da atriz Pearl Thusi (Quantico) no papel principal. A série segue a personagem de Pearl, Queen Sono, filha de uma grande ativista e defensora dos direitos humanos na África do Sul. A mãe de Queen foi assassinada quando ela era apenas uma criança e agora Queen faz trabalhos de espia para os serviços secretos do país.
O episódio teve um ótimo balanço entre ação e drama. Começamos por ver Queen numa das suas missões de espionagem, enquanto tenta roubar informação a um homem importante para os serviços secretos. Mas, ao mesmo tempo, temos pequenos momentos de diálogo e interação com outras personagens que mostram a personalidade carismática de Queen. Ao longo do episódio, são-nos dadas pequenas pistas acerca de quem é Queen Sono, quem era a sua mãe e que importância é que esta tem para a história. Conhecemos a sua avó, com quem tem uma relação próxima, e o diálogo entre as duas não só ajuda a revelar pequenos pedaços de informação sobre o passado da família de Queen, mas também a criar empatia pela personagem. O que acontece muitas vezes em episódios piloto é um despejo de informação sobre o mundo em que as personagens estão inseridas e um descuido completo pela criação de empatia entre o público e as personagens. Acho que neste caso a introdução gradual da informação e das personagens foi muito bem balançada e pensada.
A partir deste episódio e com a informação de background que foi dada, estou a supor que Queen foi para os serviços secretos como forma de vingar a morte da mãe ou por sentir que o sistema de segurança não funcionou na sua vida. Gostei imenso das interações de Queen com os colegas do trabalho e a missão entreteve-me bastante. Ver o lado mais pessoal de Queen também foi interessante, porque vemos o plot clássico de espionagem: “não posso dizer-te qual é o meu trabalho verdadeiro, por isso vou inventar desculpas”. As pessoas mais próximas dela não fazem ideia que é uma agente secreta, mas têm todos a sensação de que está a mentir. Este balanço entre as interações com os colegas e com as pessoas mais próximas foi muito bom para mostrar todos os traços de personalidade de Queen.
Acerca de pontos menos positivos, não tenho grande coisa a apontar, apenas quero referir que nenhum elemento se destaca como extraordinário. Não fiquei a pensar que era a melhor série que já tinha visto, mas nenhum dos pontos é negativo. A realização, elenco e banda sonora são todos bons, mas previsíveis para este género de séries. São apostas seguras, o que se percebe sendo esta a primeira série africana para a plataforma.
Devo continuar a ver a temporada porque gostei muito da personagem principal e estou curiosa para saber qual é o estilo da série, se as missões vão ser importantes ou se é tudo mais um pretexto para Queen se vingar do assassino da mãe. De qualquer das formas, acho que vou passar um bom bocado e aconselho a que espreitem esta nova aposta.
Ana Oliveira