Criada, escrita e protagonizada por Josh Thomas, Everything’s Gonna Be Okay acompanha Nicholas, um jovem neurótico que vive com o pai e duas meias-irmãs, uma das quais com autismo. Quando o pai descobre que tem uma doença terminal, Nicholas percebe que não tem vocação para cuidar das irmãs e que terá de ter força para liderar a família neste processo doloroso.
Se esta sinopse super peculiar não te fez ter curiosidade para ver esta nova aposta da Freeform, espero que o facto de saberes que em questão está uma atriz com autismo a representar alguém no espectro seja suficiente para pelo menos dares uma oportunidade a Everything’s Gonna Be Okay. Depois de ter assistido a Atypical e The Good Doctor, duas séries que adoro e que têm como protagonista um personagem autista representado por homens neurotípicos, Kayla Cromer dá vida a Matilda, uma adolescente autista que muito diverge do que a televisão nos habitua a nível de personagens com autismo, já que é bastante faladora e social. Esta personagem acaba por dar uma importante representação a pessoas que estão no espectro, pois permite fugir ao estereótipo que por vezes é criado e ampliar o sentimento de conexão que estas possam sentir com uma personagem. E, claro está, o facto de a atriz pertencer a este grupo é extremamente positivo e inspirador.
Decidi começar pelo ponto mais positivo e que considero que em si seja suficiente para querer dar uma espreitadela nesta série. No entanto, o piloto esteve longe de ser perfeito. Sabendo que seria uma série de comédia, não estava à espera de um episódio de 40 minutos e espero sinceramente que diminuam a duração dos episódios – percebo que para uma introdução coerente e consistente precisassem de mais tempo e, realmente, bastantes acontecimentos desenrolaram-se ao longo deste primeiro episódio. Tal foi bom para conhecermos bem os personagens e as suas histórias e acabou por alinhavar o tom do que será esta temporada – basicamente tudo o que diz a sinopse acontece logo no primeiro episódio. Somos deixados ainda sem saber muito bem como irá lidar este rapaz com as suas irmãs adolescentes, pois não foi ainda muito explorado.
O que me desiludiu mais foi a representação, pois em inúmeros momentos não foi nada credível e deixou muito a desejar, tirando qualidade a algo que poderia ter bastante potencial – refiro-me principalmente a Maeve Press, que interpreta uma das irmãs, e a Christopher May, o pai. Nenhum deles conseguiu passar qualquer tipo de emoção, tendo em conta os eventos que se estavam a desenrolar.
Acrescento, também, que isto não é uma comédia. Se vês Atypical, sabes que é uma série que consegue ser séria e dramática, mas também produzir alguns risos… pois bem, este não é o caso de todo. Embora tenha alguns toques excêntricos, este piloto foi bastante dramático. Obviamente que toda a situação futura terá potencial para cenários engraçados, daí não estar extremamente desapontada com este aspeto e ter decidido seguir esta temporada de Everything’s Gonna Be Okay.
Há várias razões para recomendar uma série a alguém, neste caso a razão é Kayla Cromer.
Ana Leandro