Deadwater Fell chamou-me a atenção pelo protagonista, David Tennant, que adoro e cujo trabalho televisivo tento seguir ao máximo, mas conquistou-me pela excelência deste primeiro episódio. Wow é a única palavra que me ocorre para descrever aquilo que vi nos 44 minutos que o compõem e só tenho pena que os quatro episódios não tenham sido disponibilizados de uma vez.
Não tinha quaisquer expectativas em relação a esta minissérie nem sabia sequer ao que ia quando comecei a ver o episódio. A sinopse não adianta muito ou quase nada, aliás, diria mesmo que esta não deve ser a única produção televisiva cuja apresentação do enredo se molda dentro desta ideia: “Deadwater Fell é um drama que explora a anatomia de um terrível crime, numa pequena comunidade na Escócia, e como esse acontecimento altera as vidas dos seus habitantes para sempre”. Contudo, e apesar de parecer de uma história banal já contada um milhão de vezes, a verdade é que a forma como o episódio está construído e as interpretações do elenco que, à exceção de Tennant, não conhecia, tornam qualquer banalidade em algo soberbo.
Quando avalio um episódio piloto não gosto de dar spoilers, pois quem lê para ter uma perceção se vale ou não a pena ver a série provavelmente não vai querer ficar a saber tudo o que aconteceu ou os acontecimentos principais. Desta forma, digo simplesmente que acompanhamos dois casais amigos e os respetivos filhos. Ficamos a perceber alguns pormenores das suas vidas e desconfiamos de outros. Tudo parece bastante normal nesta pequena localidade escocesa, até que algo terrível acontece, tal como diz na sinopse. A partir daqui tudo muda. Diria que o episódio está construído em três momentos diferentes: a parte inicial, em que tudo é colorido, alegre e em que começamos a criar empatia com as personagens; o clímax, onde decorre a tal tragédia e onde somos inundados por um turbilhão de emoções essencialmente tristes; e o que se segue à tragédia, onde assimilamos o que aconteceu e quando as teorias se começam a formar na nossa cabeça e onde todos os pormenores podem significar algo.
O piloto tem uma intensidade incrível. É quase impossível desviar o olhar, especialmente nos momentos que antecedem a tragédia e durante o decorrer desta. Há mesmo muito tempo que não via um primeiro episódio que me prendesse desta forma e, como referi no início, só tenho pena que os restantes não estejam já disponíveis para descobrir o que aconteceu. Curiosamente, Deadwater Fell fez-me lembrar The Cry. Ambas demonstram contar, logo desde o início, uma história impactante, que não deixará pontas soltas e cuja realização é de parabenizar. Creio que não estarei enganada.
Recomendo vivamente Deadtwater Fell. Para além de ser uma minissérie com apenas quatro episódios (sendo o único se não a exibição semanal e a consequente espera), tem um visual deslumbrante, um elenco excelente e uma narrativa de prender ao ecrã. Mal posso esperar pelo segundo capítulo.
Beatriz Caetano