Se a curiosidade é o vosso tendão de Aquiles, admito que também é o meu. The Spy foi escolhido não só por retratar factos verídicos – o que deixa sempre o meu olho cintilante, especialmente se já tiver lido algo relacionado com o tema –, mas também por ter como estrela principal alguém que conhecemos do humor, Sasha Baron Cohen, o Borat. Sasha demonstra-se um ator que ilumina, não só pela capacidade, mas também pelo brio do qual se veste, como se de um sobretudo se tratasse. Junto-lhe a curiosidade de me entreter com algo criado por Gideon Raff que, recordem-se bem, criou a série que inspirou Homeland, Prisoners of War.
Convenhamos que o peso desta história assenta no retratar a vida de um espião por volta dos anos 60, Eli Cohen, que trabalhava sob disfarce na Síria, com o intuito de obter e passar informações secretas ao Iraque.
Procurando fugir ao temível spoiler meus caros, permitam-me dizer que, num primeiro episódio, as informações dadas são fundamentais para que percebam que até mesmo os pequenos clichés tiveram que existir para chegar ao busílis da questão: a necessidade de Eli Cohen de provar e querer ser melhor, de se auto-superar, de se mostrar comprometido perante o país que o acolheu a si e à sua família. Ilustra, bem demais, a capacidade humana de mentir e fingir ser outrem, contrariando os valores fundamentais que foram a sua base, desde sempre. Este homem leal e afetuoso está disposto a qualquer coisa pela Mossad, iniciando este caminho escondendo a sua verdadeira profissão ao amor da sua vida, Nadia. Permitam-me, ainda, lamentar a falta de algumas informações da sua vida que não constam neste episódio, nomeadamente filhos, ou falha nalgumas informações relatadas.
Se, por um lado, parabenizo Sasha pelo seu bom trabalho, por outro admito que deveriam ter procurado oferecer a história de uma outra perspetiva: risco de ser espião e que alimenta, como sabemos, o seu trágico destino.
Elementar meus caros, elementar.
Débora Gonçalves