Sunnyside – 01×01 – Pilot
| 28 Set, 2019

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Depois de ler a sinopse, Sunnyside revela-se aquilo que se espera, nem mais nem menos.

Protagonizada por Kal Penn, a série da NBC, centra-se em Garrett Modi, um homem que estava a viver o sonho americano, até que é despedido devido a alguns excessos, é obrigado a ir viver com a irmã e a ter de ponderar sobre o que correu mal na vida dele. Aí, é contratado por um grupo diversificado de esperançados, com o sonho de se tornarem cidadãos americanos e que dão a Garrett uma oportunidade de se redimir dos erros do passado.

Embora eu não tenha um sentido de humor que vá ao encontro do humor típico das séries de comédia americanas costumo gostar de as ver, seja pela forma descontraída como o enredo se desenrola, seja pela atualidade que costumam retratar – algo que não se encontra tanto nas ficções e fantasias. Sunnyside não é exceção. Consegue envolver o espectador na realidade do Estados Unidos, mais especificamente a aquisição da cidadania americana e fá-lo de forma fácil e informativa (obviamente que não é nenhuma House of Cards). Ainda que pareça romantizar demasiado o conceito do sonho americano (por exemplo, quando Garret diz que ser americano também é uma forma de sentir as coisas), consegue notar-se a sátira e a ironia em torno do mesmo. A ironia faz-se sentir em momentos como a viagem de táxi, em que se descobre que o jovem da Etiópia é médico, mas não lhe pagam o suficiente, daí ele precisar também de ser taxista. Mas então porque não ficou na Etiópia? Porque na América tudo é possível – diz ele.

Não esperando grandes aparatos técnicos a nível de imagem e som – que se confirmam quase inexistentes -, gosto de ver personagens interessantes a trocar diálogos interessantes. Mesmo já conhecendo um pouco do trabalho de Kal Penn e associando-o ao mundo da comédia, não criei grandes expectativas; mas não vou negar que é sempre bom ver uma cara conhecida. A sua personagem está longe de ser likable. Depois de ser despedido pelos seus maus comportamentos, precisa de um emprego – mas sem nunca esquecer o seu sonho de voltar a ser um candidato nas próximas eleições. Ou seja, uma personagem intrinsecamente com intenções não muito puras, mas que pretende fazer algo bom. Um elemento mau das séries de comédia é que, por vezes, conseguem ser muito previsíveis. Vejo-o a usar os imigrantes para atingir o seu fim, mas no caminho vai acabar por gostar muito deles. Claro que os irá trair, arrepender-se e redimir-se. É isto o que eu vejo acontecer nesta temporada, e não sei o que mais poderão desenvolver relativamente a este enredo.

As restantes personagens ainda não foram tão desenvolvidas como o protagonista, conto que tal seja feito no desenrolar da temporada, e espero sinceramente que não reforcem o estereótipo dos imigrantes – já que na comédia estereótipos, tendem a acontecer – e, se o fizerem, que o façam bem como, por exemplo, em Superstore. Quanto à irmã de Garrett, foi, neste episódio, a minha personagem favorita pela diferença de posição comparativamente às restantes. Enquanto todos os imigrantes e Garrett parecem ainda agarrados à ideia do sonho americano, o papel dela parece existir para o questionar e quem sabe até ridicularizar.

Ainda que não me pareça a melhor série de sempre, acho que é e será sempre atual enquanto a crise dos imigrantes continuar a existir nos Estados Unidos tal como existe. Se tiveres 20 minutinhos por semana livres dá uma oportunidade e diz-me o que achaste!

Ana Leandro

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