Marianne não só surge como uma nova aposta no terror, como ainda é francesa. Acham que tem tudo para correr bem? Foi exatamente isso que pensei: a receita perfeita para sair tudo menos terror. Julgadora de séries, antecipei logo um “Voilá, eu bem te avisei que não devias entrar aí, Jean Pierre”. Contudo, em vez de um Jean Pierre, lançaram-nos a Emma (Victoire du Bois) imbuída em goles de humor, no meio do suspense. Vamos lá começar do início para vos contar T-U-D-O! Mentira, vão ver que eu só vos vou convencer.
Para os loucos por terror: não é por esta série que vão espreitar debaixo da cama antes de dormir. Talvez somente verificar se a porta está trancada (agora vão ter de ver para crer, busted!). Se procuram algo que vos faça rebentar a aorta com o pânico, acreditem nesta corrompida, não é o que encontrarão neste piloto. Porém, traz-vos mais que isso: novas caras aliadas a um bom suspense, um humor que, raras vezes, não estraga o terror implícito.
Para os curiosos que nem iam ver a série, mas, indubitavelmente, claro!, verão depois disto: nem todos os guiões são capazes deste feito, ainda assim, neste primeiro episódio percebemos, de caras, que o intuito não seria o típico terror, com o drama e susto para desperdiçar pipoca. Não… Foram mais além! Contam a história de uma jovem escritora, por capítulos, como se acompanhássemos a par e passo o que lhe corre nas veias, aguardando o momento para desvendar cada intriga que se questiona intencionalmente. Jovem pouco amada, traz-nos a moral de que sem enfrentarmos o que somos e o nosso passado não conseguimos seguir em frente, sem fantasmas e lamentos. De forma brilhante, a personagem principal trabalha extremamente bem com as personagens que a rodeiam, o que facilita a integração do público no tempo e espaço decorrentes.
Pelo que vi neste episódio, a única coisa que me assusta efetivamente é se nenhum de vós for confirmar esta positiva obra em que tropecei e quase declinei.
Conselhos para os mais fracos de coração: não sei, não tenho. Mas reza a lenda que se estivermos acompanhados vê-se bem (com lenda refiro-me ao meu namorado, que se esconde atrás da almofada, just in case).
Débora Gonçalves