Uma família tele-evangelista debate-se com as repercussões da morte da matriarca nas suas relações pessoais, enquanto tenta manter e fazer crescer o negócio de família. Poder, dinheiro, corrupção e uma complicada vida familiar, tudo em nome do Senhor.
É uma pena que não tenha um feedback mais positivo a dar sobre The Righteous Gemstones, mas a verdade é que a nova aposta da HBO deixa mesmo muito a desejar. É claro que convém ter em conta que, dado o crescente sucesso da produtora, tinha expectativas relativamente altas para esta nova série. No entanto, acho que o piloto falha em atingir níveis tão básicos de qualidade que não é injusto qualificar esta série como uma verdadeira deceção.
Com um elenco forte, liderado por Danny McBride, John Goodman, Adam Devine e Edi Patterson, e sendo a série uma criação do próprio McBride, não é difícil adivinhar que se trata de uma comédia. Portanto pergunto: e a piada? Pode parecer algo implacável da minha parte e admito que possa não estar a ser 100% justa, mas esperava uma série que me fizesse rir, cujas situações caricatas me pusessem um sorriso na cara, ou que me deixasse, pelo menos, bem-disposta. O que vi foi uma hora de um grupo de actores por norma engraçados a cometerem sistematicamente aquele que é possivelmente o erro mais grave da comédia: tentar ter piada.
A ideia de seguir uma família que lucra com a religião no seu dia a dia superficialmente cristão e a possibilidade de espreitar por detrás das cortinas para ver a realidade herética que se esconde nos bastidores parece cheia de possibilidades. Possibilidades essas que McBride e companhia desperdiçam em piadas fracas, sotaques falsos e uma noção de comédia física que está a milímetros de uma má piada sobre peidos.
Não consigo senão sentir-me enganada e desapontada numa série que, com tanto talento e tanto potencial, revela tão pouca perícia na execução. Por outro lado, não consigo também desistir assim tão facilmente de uma série de que esperava tanto. Tenho alguma esperança que, depois de um primeiro episódio de apresentação (das personagens e das suas circunstâncias), possamos agora seguir para uma ação mais compassada e interessante, com o timing cómico que caracteriza estes atores. Quanto a vocês, o meu conselho é o seguinte: se depois dos primeiros 20 minutos não estiverem convencidos, saltem para os últimos 10 minutos. Se nem isso vos convencer, lamento, mas The Righteous Gemstones não é para vocês.
Raquel David