[Contém spoilers]
À parte do spoiler que é o próprio título, Four Weddings and a Funeral conta-nos as histórias de Maya (Nathalie Emmanuel), Ainsley (Rebecca Rittenhouse), Craig (Brandon Mychal Smith) e Duffy (John Reynolds). Entre Londres e Nova Iorque, este grupo de amigos debate-se com as dificuldades amorosas, familiares e profissionais inerentes a tornarem-se adultos enquanto lutam por manterem uns com os outros a dinâmica que têm desde os tempos de faculdade.
Ao estilo das comédias românticas dos anos 80 e 90, Four Weddings and a Funeral deixa-nos com a confortável sensação de que vai tudo correr bem. Apesar de todo o delicioso drama que claramente podemos esperar desta série, há algo na maneira como tudo nos é apresentado que nos deixa inerentemente bem-dispostos. De tal maneira, que os 50 minutos desta maravilhosa série se sentem como os 20 minutos de uma boa sitcom.
O grupo de personagens que nos é apresentado é diverso e muito interessante. Todos têm falhas e peculiaridades que os tornam especiais, e todos nos fazem sentir que gostaríamos de os ter como amigos. São o tipo de personagens leves e divertidas que tornam a série imediatamente interessante, porque tudo se torna engraçado só por podermos vê-los em acção. No entanto, têm também momentos de vulnerabilidade e genuinidade que prometem uma série que tanto nos fará rir como chorar. Acompanhados de uma banda sonora fabulosa, Maya, Ainsley, Craig e Duffy apresentam-nos às suas vidas da forma mais engraçada e descontraída possível, criando uma familiaridade confortável através de piadas recorrentes que depressa se tornam inside jokes e momentos enternecedores e muito reconhecíveis (como o momento ao estilo Love, Actually quando Ainsley vai buscar Maya ao aeroporto).
É verdade que podemos apontar algumas falhas às performances individuais de cada ator o que é capaz de ser a maior vulnerabilidade desta série. No entanto, estas falhas não se sentem nas cenas do grupo em que Maya e os seus amigos nos envolvem na sua companhia e nos fazem sentir em casa. Nem tão pouco sentimos que as personagens percam credibilidade. Pelo contrário, o facto de estas personagens brilharem mais em conjunto só reforça a qualidade familiar desde grupo, que como qualquer bom grupo de amigos parece tornar-se melhor e mais interessante na sua totalidade. Todo o drama e todas as situações caricatas simultaneamente surgem e são resolvidas pela intervenção dos diferentes membros do grupo na vida uns dos outros e a série acaba por depender essencialmente da ligação destas personagens umas às outras. Daí que Four Weddings and a Funeral mostre tanta promessa, em tão pouco tempo.
Para quem conhece o filme, tenho apenas a acrescentar que definir esta série como o remake do filme homónimo me parece redutor e francamente injusto para uma série que começa tão bem. Até porque não me parece que seja essa a intenção. A quem não conhece, recomendo então que fiquem a conhecer, pelo menos esta versão. É uma série que não vão querer perder.
Raquel David