Years and Years é uma série britânica produzida em parceria pela BBC e a HBO. No nosso país podemos vê-la através da plataforma de streaming HBO, local onde já estão disponíveis todos os seis episódios.
Numa altura em que o que nos chega já é tão batido que os nossos olhinhos brilham quando surge algo de novo, Years & Years é isso mesmo (falo por mim, é claro!), uma história diferente.
A trama centra-se sobretudo no clã familiar dos Lyon, família grande e diversificada, cada um com a sua particularidade, e com aquele humor britânico ao qual já nos habituaram. A família gira em torno da avó, a matriarca da família, e os seus netos adultos, alguns casados, outros à procura do amor.
O episódio começa com a política Vivienne Rook (Emma Thompson) a provocar uma contestação enorme na televisão, num programa de talk-show, ao utilizar com frequência a palavra fuck, e a mostrar-se totalmente indiferente ao que se passa no mundo, acabando por se tornar uma política muito influente.
Os irmãos, que estão constantemente em comunicação, comentam a notícia quando uma das irmãs entra em trabalho de parto, tendo um bebé fruto de um caso fortuito. Num formato muito giro, vemos os anos a passaram de cada vez que se comemora mais um aniversário do bebé Lincoln. Os anos passam e param no ano de 2024. O futuro traz-nos novidades (que esperemos que não sejam um prenúncio): a rainha de Inglaterra morreu, Donald Trump ganha um novo mandato e a China cria uma ilha artificial que vai servir de base militar em águas disputadas. Por sua vez, a Rússia passa a ter um governo militar e ocupa a Ucrânia; os ucranianos, refugiados, procuram abrigo em Inglaterra. Vivemos ainda num tempo em que as pessoas já podem escolher ser transumanas, ou seja, o seu cérebro, as suas memórias, ficam armazenadas numa cloud e deixamos de existir em carne e osso.
Avizinham-se tempos complicados, sabemos que muitas vezes a realidade tende a copiar e ultrapassar a ficção, ou não tivéssemos no mundo tantas provas disso mesmo.
No dia em que se comemora o aniversário da matriarca, a família reúne-se mais uma vez e quando estão em videochamada com uma das irmãs que faz trabalho voluntário no Vietname, começa a soar uma sirene, da qual nem sequer sabiam da existência. Trump decidiu atacar e lançar um míssil à ilha artificial chinesa e assim se inicia uma nova guerra.
A história é super interessante e aquilo que mais aprecio nas series britânicas é a naturalidade dos atores; é tão fácil revermo-nos neles próprios. O discurso fluído, a mudança certa das cenas, não são maçadoras, e depois aquele plot, que apesar de todo o episódio apontar para ali, é algo que desejamos que nunca – mas nunca mais mesmo – aconteça, uma guerra a nível mundial.
É com certeza uma série a acompanhar, eu fá-lo-ei. Aconselho a quem tenha sentido alguma curiosidade em espreitar. Só espero que a restante temporada se mantenha assim com a qualidade deste primeiro episódio.
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