[Contém spoilers]
Depois de abandonar a sua firma em Nova Iorque, Jessica Pearson (Gina Torres) muda-se para Chicago, onde se vê forçada a trabalhar com o Presidente da Câmara, que parece ter ligações à rede mafiosa da cidade.
Muito ao estilo de Suits, Pearson baseia-se em complicados power moves e na utilização de linguagem técnica e manobras judiciais que me ultrapassam. E eu adoro! Jessica Pearson, que sempre se manteve um tanto ou quanto distante e acima das peripécias de Harvey e Mike, tem agora o foco voltado para ela numa série que promete dar que falar.
Como sabemos do 16.º episódio da 7.ª temporada de Suits, que serve de prequela a Pearson, Jessica foi chantageada de modo a aceitar a proposta de emprego do Presidente da Câmara de Chicago, Bobby Novak (Morgan Spector). Os laços de Novak à infame rede mafiosa de Chicago colocam Pearson numa situação muito delicada que eu espero ver explorada a fundo. Aliás, todo este cenário de ilegalidade e conspirações me parece muito empolgante e particularmente adequado à personagem de Gina Torres. É claro que não nos parece plausível que Jessica desmantele, sozinha, a totalidade da máfia de Chicago, mas podemos contar com ela para resolver a sua questão com Novak da forma mais badass possível. E, sejamos honestos, se há alguém que consiga eliminar a máfia em Chicago, há-de ser Jessica Pearson. No mínimo, vai ser bom vê-la tentar.
E vai ter de tentar muito. A julgar pelo piloto, Jessica encontra-se rodeada de personagens prontas a dar-lhe luta. Keri Allen, interpretada por Bethany Joy Lenz (One Tree Hill), que substitui Rebecca Rittenhouse numa ótima opção de recast, promete rivalizar fortemente com Gina Torres (se bem que suspeito uma futura aliança para estas duas personagens). Esta dinâmica, aliada às relações de ambas as mulheres com o Presidente da Câmara, prometem dinamizar a série durante bastante tempo e alimentar toda a para de duplicidade e incerteza que povoam a série.
Ainda assim, o ponto alto da série, o pormenor que mais me interessou neste piloto, foi o próprio Presidente da Câmara. Rodeado de personagens suspeitas, Bobby Novak parece ter sido, em tempos, um idealista. Aliás, a sua relação com o personagem de Eli Goree (The 100) sugere que o próprio Novak terá sido o jovem bem intencionado, decidido a lutar pela cidade de Chicago, que vemos espelhado em Derrick Mayes. No entanto, perdeu-se e parece resignado ao papel que desempenha. Mas será Novak assim tão unidimensional? Ou quererá ele usar as capacidades de Pearson para se libertar do passado que o persegue? O início do piloto, que mostra o futuro próximo à moda de How To Get Away With Murder, revela já um desenrolar de eventos que levam Jessica a livrar-se de provas incriminatórias. Poderá isso estar relacionado com Novak?
Com tudo o que se passou só no piloto e o vislumbre que temos agora da vida privada de Jessica, acho que podemos esperar muito desta série. Ficando pendente a situação de Novak, assim como a possível corrupção de Jessica, não podemos senão esperar ansiosamente ver mais. Como dizia o outro: “Não percam o próximo episódio, porque nós… também não!”
Raquel David