Esta minissérie de 8 episódios segue a vida de três famílias em Chicago enquanto elas tentam lidar com os problemas raciais, os mais explícitos e os mais intrínsecos, presentes nas suas vidas e na sociedade americana. O episódio começa com a morte de um médico afro-americano após ter sido baleado numa loja de conveniência por um polícia branco, que geriu mal a situação e não se apercebeu que a pessoa contra quem tinha acabado de disparar não era o assaltante da loja, mas uma pessoa inocente. Esta situação gera uma bola de neve de complicações sociais, políticas e raciais que envolve as várias famílias.
Percebemos que esta série se intitula The Red Line porque todas as personagens são de partes diferentes de Chicago mas o sítio comum que partilham é a linha vermelha do metro. Há também outros elementos que ligam de maneira mais óbvia, já que uma das personagens conduz o metro e há várias cenas que se passam dentro do metro ou nas estações. Achei inteligente o uso do metro como um local de ligação entre as personagens de diferentes partes da cidade e de diferentes estatutos económicos e sociais mas que estão conectadas por uma única cidade.
Na minha opinião, esta é mais uma daquelas séries que tem uma sinopse incrível mas que depois não consegue atingir as expectativas desejadas. Além da sinopse, o que me atraiu também para o piloto foi o elenco com nomes conhecidos como Noah Wyle (ER) e Noel Fisher (Shameless). É também um elenco diverso, o que é sempre um ponto positivo para as produções televisivas. Mas voltando à série, o que me desiludiu foi a tentativa de contarem três pontos de vista (das três famílias) e não darem tempo, nem espaço para que eu me ligasse a qualquer um deles. Encontro este ponto fraco em vários episódios piloto que tenho visto onde parece que os escritores querem mostrar tudo de uma vez, mas nenhuma das cenas consegue servir como âncora, para que o espectador fique interessado para continuar a ver. O episódio teve drama, os seus momentos mais alegres e até acaba com uma das personagens a chorar incontrolavelmente, mas foi tão over the top que eu não consegui sentir a empatia que suponho que era esperada.
Outro ponto negativo que tenho que mencionar é a banda sonora, que normalmente costuma resultar bastante bem, mas que nesta série me pareceu completamente exagerada. Há algumas cenas com diálogos dramáticos que foram sobrepostas com músicas pop de tal forma que eu mal conseguia ouvir o que as personagens diziam. Ou quando ouvia, estava demasiado distraída pela letra da música que estava a tocar ao mesmo tempo. Acho que não resultou de todo, contribuindo para banalizar as cenas.
Em termos da interpretação, acho que todo o elenco está bastante bem, apesar de o guião não jogar a seu favor, como já referi. E, mais uma vez, pontos positivos pela diversidade do elenco e por apostarem em histórias controversas muito relevantes nos dias de hoje, principalmente no contexto americano.
Ana Oliveira