Special é a nova aposta da Netflix. Trata-se de uma série autobiográfica que realmente acompanha uma pessoa muito especial: Ryan O’Connell. Ao contrário do que é dito pela mãe de Ryan na série, não é a sua incapacidade que o torna especial. Tão pouco é a sua orientação sexual que o torna especial… o que o torna especial é a sua criatividade e alegria para encarar os desafios que a vida lhe colocou e as vitórias que já conquistou.
Ryan O’Connell escreveu para as séries de sucesso Awkward e Will & Grace e é agora o protagonista de uma série que merece ser vista e que conta a sua própria história, partindo do momento dos primeiros passos no mercado de trabalho, num estágio num blogue superficial em busca de sensacionalismo.
O piloto sabe algo a pouco porque, mal nos começamos a afeiçoar a Ryan, o episódio chega ao fim, tendo apenas 15 minutos. Mas essa curta duração é suficiente para Ryan transmitir uma mensagem muito positiva, com um tom muito leve e tratando a paralisia cerebral e a homossexualidade com a naturalidade que os temas merecem e com uma dose moderada de humor à mistura.
Recorrendo-se de humor como arma de sátira, a série critica uma sociedade que tende a encher-se de preconceitos e estereótipos e a olhar de um modo diferente para quem é diferente da norma. No meio deste olhar enviesado para o protagonista dá-se o engraçado acaso de confundirem as suas diferenças inerentes à doença com o acaso deste ter sido recentemente atropelado, algo que obviamente tem potencial para ser dramatizado nas linhas do blogue. E Ryan acolhe essa interpretação errada como uma dádiva, porque, uma vez na vida, o foco não está na sua paralisia e é visto como deve ser, uma pessoa como tantas outras, que por acaso é homossexual e tem paralisia especial, mas que tem um brilho e uma personalidade que o tornam “Special”!
André Borrego