Mais um dia, mais uma aposta da Netflix. Com cada vez mais plataformas semelhantes (HBO, Amazon Prime, Hulu e não esqueçamos que a da Disney está a chegar!) a ameaçar a hegemonia que detém há anos, a Netflix aposta cada vez mais em conteúdos originais.
Love, Death & Robots é uma série de cyberpunk (um subgénero da ficção científica cujo motto é “high tech low life”) animada para adultos cuja temporada de estreia consiste em 18 episódios. Os episódios são super curtos (entre 6 a 17 minutos) e a série funciona ao estilo de Black Mirror, em que cada episódio conta uma história diferente.
Antes de mais tenho de reconhecer a animação de excelência desta série. Juro que ao início até me questionei se estava realmente a ver uma série de animação; o CGI tem evoluído a um ritmo alucinante. As personagens parecem reais, humanas. As feições, os gestos, os corpos. Maravilhoso. Sem dúvida a melhor parte da série!
O primeiro episódio foi dos mais longos (17 minutos), mas soube a pouco, a muito pouco. E olhem que, não sei como, a primeira coisa que me veio à cabeça uns minutos depois de começar foi que aquilo me fazia lembrar uma espécie de Pokémon meio macabro. A história é sobre Sonnie (o Ash), uma mulher que possui um monstro (o Pikachu) que controla com a mente e participa em lutas. O início do episódio apresenta-nos o monstro Kharnivore (nossa, a besta está desenhada e concebida em todos os limites, brilhante!) e um homem chamado Dicko a tentar subornar Sonnie para ela perder a batalha daquela noite, o que ela recusa. Aí descobrimos através dos amigos (?) que Sonnie foi mantida em cativeiro, onde foi violada e mutilada.
A batalha entre Kharnivore e o outro monstro é curta, mas emocionante e extremamente bem executada. Mas a vantagem de Sonnie (que dá nome ao episódio) não é o facto de ser a melhor piloto e melhor do que todos os homens. Oh, não, não. O melhor vem no final, em que temos um plot twist meio previsível, mas mesmo assim ainda me deixou um bocadinho surpreendida (parece que não faz sentido, não é? Mas juro que faz!) e não vou fazer spoilers.
O episódio ficou a saber a pouco e a deixar-nos a querer mais dos personagens e da história e creio que peca pelo curto tempo de duração. Outra coisa, bem menos técnica, que me deixou um bocadinho menos agradada com a série foi a necessidade de terem feito Sonnie uma vítima de violação. Como se uma mulher precisasse de um passado traumatizante para ser forte e destemida. Acho que a história do episódio resultava na mesma e seria bem melhor se não tivessem incluído isso.
Este Sonnie’s Edge deixou-me com o apetite aberto para ver o resto da temporada. Veremos se a qualidade se mantém, mas são poucas as vezes em que as séries da Netflix desiludem.
Maria Sofia Santos