[CONTÉM SPOILERS]
Mais uma aposta do universo DC. E, logo assim, o meu comentário vai de encontro ao início do episódio, narrado por Mr. Nobody: “Mais uma série de super heróis – quem é que precisa disto?” É difícil de explicar a entropia desta série, mas vamos tentar.
Se quisermos resumir, é uma série que junta quatro malucos com vidas completamente diferentes, a quem aconteceram acidentes super aleatórios e que, por causa disso, ganharam “super-poderes” e decidiram, como bom bando de desconjuntados que são, proteger uma cidade que é ameaçada pela própria existência destes quatro humanoides. Digo humanoides de propósito.
Para vos enquadrar um pouco, as nossas personagens são Robotman (pela voz de Brendan Fraser), Negative Man (pela voz de Matt Bomer), Elasti-Woman (protagonizada por April Bowlby) e Crazy Jane (protagonizada por Diane Guerrero). Estes quatro estão sob a guarda de Dr. Niles Caulder, que foi o responsável pelo renascer destes quatro “bonecos”.
Para já, são autênticos anti-heróis. Não houve beleza nenhuma na forma como estes quatro indivíduos adquiriram os seus poderes. De facto, deixa-nos o ar de que qualquer um de nós podia ter sofrido o mesmo mal e que os seus poderes são isso mesmo para eles: um incómodo, bem como um empecilho para a sociedade. Nada daquela beleza de serem maravilhosos a atirar flechas ao alvo ou serem super-hiper-rápidos ou deitarem feixes de luz pelos olhos. Não, estes quatro nem sabem bem o que fazer com o que têm.
O guião é muito interessante. Há uma pitada de sal que dá um gostinho de Deadpool e das piadas de Ryan Reynolds às falas deles. Quem escreveu o guião certamente estava inspirado na sátira e na crua realidade do anti-herói que tão bem conhecemos. Para além disso, a série tem um movimento bastante fluído e apesar de saltar muito entre passado e presente, é fácil de ajustar o deslocar temporal, o que acaba por fazer com que seja muito fácil o tempo passar enquanto estamos a ver o episódio.
À medida que vamos avançando na série, vamos conhecendo o passado de cada um deles e percebemos que nas suas ‘vidas passadas’ nenhum deles era algo mais do que pessoas normais (um piloto profissional de carros, outro de aviões, uma atriz). De certa forma, até eram pessoas um tanto ou quanto fúteis e ocas que tiveram acidentes completamente banais e acabaram renascidos das cinzas com a ajuda do Dr. Nigel Caulder. Este doutor, sim, intriga-me! Quero muito saber porque razão é que ele faz o que faz, como é que descobriu o que conseguia fazer e quais são as consequências que ele (e o seu bando de desajustados) vão sofrer em resultado disso.
Fiz de propósito para não voltar a mencionar Mr. Nobody. Esse, é outro!
Mas enfim, a Doom Patrol é isso mesmo: um bando de desajustados que tem escrita a sua sentença. E só por ser diferente, só porque é algo de que estávamos mesmo a precisar quando adoramos super-heróis mas já não aguentamos a beleza deles, é precisamente a triste realidade da vida destes quatro macacos que tropeçaram nos seus super-poderes que dá vontade de ver o que dali vai sair.
Talvez não seja a melhor obra que aí está e visto que sou uma declarada fã do mundo DC, também talvez não seja a pessoa mais parcial do mundo, mas gostei muito e vou continuar a ver.
Vejam, apreciem e rendam-se à realidade de que vão acabar por ver nem que seja só mais um episódio. Não?
Joana Henriques Pereira