Sex Education – 01×01 – Episode 1
| 14 Jan, 2019

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Sex Education é a nova aposta britânica da Netflix. Uma série que mistura comédia e drama numa narrativa com assuntos bastante crescidos, centrada nas experiências de Otis, um adolescente de 16 anos, um tanto desajustado, cuja mãe, Jean, é uma terapeuta sexual e o melhor amigo, Eric, um divertido e extravagante rapaz.

O eixo principal sobre o qual se irá desenvolver esta temporada é-nos apresentado neste episódio piloto. Otis navega as complicadas pressões sociais do secundário, que acabam por fazer colidir o seu caminho com o de Maeve, a miúda rebelde e misteriosa da escola, que todos acham fascinante mas de quem poucos se aproximam. Utilizando o jeito que Otis foi desenvolvendo durante anos a ouvir as consultas de terapia sexual da mãe, ele e Maeve acabam por ter a ideia de montar uma “clínica” na escola, onde estudantes com problemas íntimos procuram a ajuda e aconselhamento de Otis.

Não sei qual foi o percurso desta série antes de ter sido recebida pela Netflix, mas o piloto parece-me ter sido espertamente concebido para poder ser desenvolvido tanto como uma série de episódios caso a caso, ou como uma série com uma continuidade mais aprofundada nos personagens principais, dependendo da emissora que nela pegasse. A verdade é que chega a lembrar-me Veronica Mars, no sentido em que temos um adolescente a ser pago para utilizar os skills que adquiriu dos pais para resolver os problemas dos colegas. No caso de Veronica Mars eram casos que precisavam de uma detetive adolescente. No caso de Sex Education, são casos que precisam de um terapeuta sexual adolescente. Como fã de Veronica Mars, este paralelo deixou-me bastante aliciada com este episódio piloto, embora se revele posteriormente que decidiram, sem espanto e ainda bem, afastar-se do formato de episódios caso, ao contrário do que acontecia com Veronica Mars.

Otis e o seu melhor amigo Eric são provavelmente os personagens mais interessantes que a série terá. Já Maeve, embora creia que irá ter várias revelações que a vão tornar numa personagem tridimensional bastante forte e profunda, acaba por cair no estereótipo da “witty bad-girl que afinal até tem mais coração do que parece”, o que já nos predispõe a esperar determinado tipo de ações ou atitudes. Otis, com a sua personalidade introvertida e com os seus problemas sociais e íntimos, não me parece cair nos estereótipos que estamos habituados a que sejam enfiados os adolescentes mais introvertidos, “estranhos” e/ou sensíveis. E mesmo Eric, o melhor amigo gay de Otis, parece-me um personagem maravilhoso, com muito bom desenvolvido. Mais até que em Otis, vejo em Eric um dos pontos fortes desta série. E adoro o ator que lhe dá vida. Aquele sorriso faz flores desabrochar!

Estava a torcer para que esta fosse uma boa oportunidade, não forçada, de conseguir explorar um personagem assexual na televisão, com Otis. Mas, como já fiz batota e vi mais dois episódios para além do piloto, parece-me que o despertar de Otis em relação à sua sexualidade vá acabar por escapar para a heteronormatividade. A ver vamos.

Algo que me incomoda um pouco no conceito desta série? A forma como faz parecer que o sexo é o epicentro da vida de TODOS os adolescentes de 16 anos. Não me interpretem mal, acho muito interessante a abordagem e a abertura com que exploram estes assuntos e, sim, a adolescência é, per se, a altura em que os adolescentes começam a explorar e questionar em torno do sexo e da sua sexualidade. Mas, às tantas no piloto, temos o sexo como sendo o único assunto a ser abordado por toda aquela juventude.

Sei (porque já vi mais uns episódios – não tenho culpa que a Netflix lance tudo de uma vez!) que esta sensação acaba por se dissipar um pouco mais em episódios posteriores, à medida que a série vai tendo espaço para se expandir nas dimensões que nos apresenta neste piloto.

Resumindo, é uma série com potencial (até educativo!), com bons momentos para soltar umas gargalhadas e umas lágrimas, personagens fortes e uma premissa interessante e engraçada. Não é perfeita, mas é diferente num bom sentido, e definitivamente vou continuar a ver.

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Mélanie Costa

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