[Contém spoilers]
Apesar de já ter estreado em outubro do ano passado na emissora original, a BBC, só agora é que Informer chegou aos Estados Unidos, através da Amazon. E apesar de estarmos bem mais perto do Reino Unido do que da América de Trump, a verdade é que há muitas séries que continuam a passar despercebidas quando estreiam no país de origem e das quais só ouvimos falar quando passam para fora. Este é mais um desses casos!
Nunca fui muito de séries sobre espionagem ou contraterrorismo, mas aqui estou eu. Informer começa bem, sem que eu soubesse propriamente aquilo que podia esperar. No entanto, rapidamente percebo que a longa duração do episódio, quase uma hora, será um ponto negativo. Os 40 e poucos minutos da maioria das séries para mim são o ideal e quando passa disso parece-me, quase sempre, demais. Foi o caso!
Há uma altura em que tudo parece um pouco confuso, com personagens que não percebemos como estão ligadas, mas no final tudo se encaixa. Este foi um ponto positivo, porque não há nada que me deixe mais frustrada do que estar a ver uma série em que nada parece fazer sentido. Sei que é suposto as peças irem-se encaixando e que não temos de saber logo tudo ao início, mas prefiro quando não sou deixada completamente à nora.
No centro desta história está Raza, um jovem de origem paquistanesa que vive em Londres e vê a sua vida do avesso depois de ter sido detido por estar na posse de uns comprimidos usados como droga. Numa situação normal ele seria posto em liberdade sem grandes problemas, mas há uma unidade de contraterrorismo a investigar um terrorista e para isso é necessário arranjar informadores. É aí que entra o nosso protagonista, que é recrutado por Gabe Waters. Recrutado não é a palavra certa, porque aquilo é mais uma forma de chantagem do que outra coisa. Nesta altura do episódio voltamos a momentos interessantes em que somos expostos à realidade de tantos migrantes que tentam a sua sorte na Europa.
Raza mudou a vida de um homem, mas a sua mudará também muito, certamente. Ele não conhece ninguém que esteja envolvido em atentados à vida de outras pessoas, é apenas um jovem que gosta de se divertir e tomar umas cenas que não devia. Quem é que Gabe colocará no caminho de Raza e que fará dele um informador valioso? A que custo? Sei que isto é prática comum nas séries e não sei se o será também na vida real, pelo menos da mesma forma. No entanto, parece tão desadequado! A polícia a usar civis, colocando-os em perigo, para apanhar criminosos perigosos… É, no mínimo, questionável.
Informer está longe de ser o tipo de série que me enche as medidas, mas aborda temas muito relevantes para a sociedade dos dias de hoje e apresentou um piloto sólido que acredito que os fãs do género apreciarão.
Diana Sampaio