Origin – 01×01 – The Road Not Taken (Pilot)
| 16 Nov, 2018

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O Youtube quer dar o grande passo para entrar no mundo das séries e tem lançado alguns títulos interessantes. Contudo, nunca se havia aventurado em algo tão complexo como Origin, razão pela qual esta série aguçou a curiosidade de muitos seriólicos por esta galáxia fora.

A premissa de Origin é bastante simples: um grupo de estranhos acorda na nave espacial Origin quando esta se encontrava a caminho do Planeta Thea. A viagem que lhes prometia um mundo melhor acaba por se tornar um pesadelo quando descobrem que ficaram abandonados numa nave onde um perigo promete eliminá-los sem piedade. Temos então uma série de ficção científica assente numa temática espacial e futurista, baseada numa forte componente distópica que começou a ser timidamente explorada.

Fazer uma série de ficção científica não é fácil, mas mais difícil ainda é conseguir que ela conquiste logo no piloto, já que há demasiadas variantes para serem apresentadas pois, à partida, desconhecemos o tempo, o espaço e as realidades económica, social, política e tecnológica envolventes. Sendo assim, torna-se praticamente impossível que num episódio de pouco mais de 40 min se consiga fazer a devida contextualização, bem como a apresentação das personagens principais. Por isso, é mais do que normal que, após a visualização deste piloto, continuemos a sentir que estamos numa nave à deriva no espaço sem saber onde o enredo de Origin nos tenta levar.

Começando pela parte mais fácil, a apresentação das personagens. Tratando-se de uma nave à deriva no espaço que foi recentemente abandonada, é fácil enunciar os poucos personagens que ficaram esquecidos. O primeiro a acordar é Shun (Sen Mitsuji) e, ao que parece, o episódio tenta, através de flashbacks, apresentá-lo de forma mais sólida. E eis que peca logo no primeiro personagem, ao transformá-lo num típico cliché. Já sabemos, então, que Shun é o homem que quer deixar uma vida moralmente reprovável para trás e que quer uma nova oportunidade para ser uma pessoa melhor. Da apresentação deste, julgo que o melhor foram apenas os flashbacks, não pela personagem em si, mas sim pela descrição do nosso planeta nesse futuro. Como uma boa série futurista de ficção científica, temos aqui uma vertente distópica que, se bem explorada, pode dar origem a cenas bem interessantes ou até mesmo a um spin-off sobre um planeta sobrepovoado e com recursos limitados.

Voltando às restantes personagens…. Temos Lana (Natalia Tena), a boazinha que se está a sujeitar a morrer já no início do segundo episódio; Logan (Tom Felton), que descreverei simplesmente como “desilusão”; e mais uns personagens que, de tão superficiais que são, nem cheguei a perceber o nome deles. Tom Felton prometia ser a estrela da série, até porque ele foi sempre a personagem de destaque nas imagens que foram sendo lançadas e esteve sempre em destaque nos trailers publicados. O que é certo é que, para já, temos um Logan tão vazio de tudo que não há como o descrever devidamente. Se o grupo chegar a Thea, não me chocava que ele ficasse pelo caminho esmagado por um asteroide qualquer.

Relativamente aos efeitos especiais, confesso que esperava mais. Para uma série que promete ser marcante nesta fall season, necessitava de refinar mais estes efeitos e, sobretudo, coordená-los melhor com o desenrolar do enredo. Com tanto potencial, Origin não tem necessidade de desenvolver o enredo em torno de clichés, fazendo dela apenas mais uma série entre muitas outras, daquelas que procuram boas audiências sem nunca o conseguir.

Em suma, o piloto acumula muitos pecados relativos aos personagens, aos efeitos especiais e à própria articulação do enredo. Contudo, tratando-se de uma série de ficção científica, tem a desculpa de necessitar de mais tempo para harmonizar todos os elementos. Espero que seja mesmo isso e que, quando terminar o último episódio, me sinta realizado, e nada arrependido, por ter despendido mais de quinhentos minutos em Origin. Que a série aproveite o potencial da  sua premissa e se transforme na série de ficção científica do ano.

Rui André Pereira

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