O mundo da televisão está cheio de séries. Séries de todos os géneros, para absolutamente todos os gostos, mas ainda assim a maioria delas parece ser tão semelhante entre si, tão mais do mesmo que por vezes parece que nos esquecemos de como é a sensação de ver algo diferente do que por aí anda. Não quero dizer que o ”mais do mesmo” seja obrigatoriamente mau ou que o diferente seja sempre bom, não é aí que quero chegar, mas às vezes sabe mesmo bem ver algo que foge muito ao mainstream.
A Amiga Genial é uma série diferente de tudo o que tenho visto e é no bom sentido. É inspirada numa obra de Elena Ferrante, Neapolitan Novels, composta por quatro livros e esta temporada é baseada no primeiro. A série passa-se nos anos 50 em Itália, numa vizinhança ensopada em pobreza e violência. É, logicamente, falada em italiano, o que lhe confere um charme muito delicado e, embora eu ainda só tenha visto um episódio, já posso ver que me vai narrar a história de uma amizade muito especial entre duas meninas extremamente inteligentes, Elena e Lila.
Gostei tanto de ver A Amiga Genial que sinto que este artigo se escreve sozinho, sem grande esforço, os dedos escrevem com rapidez, atuando como uma ponte entre a minha opinião e o teclado. Escrever acerca de uma série ou filme do qual se gosta bastante consegue ser muito fácil e ao mesmo tempo muito difícil. Fácil porque nos dá um gosto imenso escrever acerca daquilo de que gostámos e difícil porque, por vezes, torna-se difícil transpor para palavras o que a série ou filme nos faz sentir. Neste caso, a série transportou-me com relativa facilidade para um tempo e local em que nunca vivi, capturando a minha atenção com uma história que promete ser muito interessante, muito especial, talvez triste, mas simultaneamente bonita. As duas atrizes principais, Elisa Del Genio e Ludovica Nasti, ainda são crianças, mas já demonstram um talento incrível para representar e o cenário onde tudo se desenrola é exatamente aquilo que imaginamos quando pensamos nas zonas pobres e problemáticas de Itália.
Por acaso tenho tido uma boa pontaria quanto aos pilotos que me proponho a criticar, porque até agora gostei de todos acerca dos quais escrevi. Quando escolho, só sei do que a série se trata no geral, não posso prever se será um episódio bom ou mau, mas de facto tenho tido o prazer de criticar séries muito boas, quer sejam diferentes ou a puxar mais para o mainstream. Mas até hoje esta foi a minha preferida. Falo a sério quando digo que vale mesmo muito a pena, aconselho-vos vivamente a verem esta série, que promete mesmo destacar-se pela positiva.
Beatriz Reis