Light As a Feather é a mais recente série dos géneros terror e sobrenatural da plataforma Hulu. Baseada no livro homónimo de Zoe Aarsen, acompanha um grupo de adolescentes de liceu que decidiu, no Halloween, jogar a uma nova versão do light as a feather… stiff as a board num cemitério.
Tenho de começar por dizer que vou escrever este texto bastante dividido, pois, embora não tenha concluído a série, já avancei alguns episódios. Vantagem das plataformas que lançam todos os episódios de uma assentada! Sinto-me dividido, pois o piloto acabou ser um capítulo meramente introdutório e contextualizante. Não interpretem isto como se estivesse a indicar que se tratou de um episódio aborrecido. Esperava mais, contudo, compreendo que em episódios de 25 minutos não se podem fazer milagres.
O que acaba por sobressair como mais positivo em Light As a Feather é mesmo o elenco. Poderá passar despercebido, mas aquelas jovens já têm bastante bagagem. É verdade que a maioria delas nunca teve um grande papel de destaque, mas algumas têm um currículo impressionante, integrando mais de trinta títulos de séries e filmes. Confesso que não esperava gostar de um bando de miúdas de liceu e dos seus dramas diários, apesar do guião limitado e repetitivo. O grande destaque vai para Haley Ramm, que interpreta Violet Simmons, a jovem recém-chegada ao liceu e que se transforma no centro de toda a temporada. Não nos é revelado muito sobre Violet, ou até sobre o seu passado, mas o certo é que ela está longe de ser normal. Teremos, por ali, ligações demoníacas ao mais alto nível, mas sempre camufladas por expressões faciais de uma jovem completamente inofensiva e que todos querem por perto.
No lado oposto, o que se destaca como negativo é a qualidade do “terror”. As aspas são propositadas, já que não considero que nada daquilo esteja perto de ser categorizado como terror. Se estão à espera de uma série que vos faça saltar no sofá de susto, esqueçam. A cena mais assustadora passa-se logo no início, no cemitério, e nem para piscar os olhos serviu. Como a maioria do episódio consistiu num flashback explicativo, acabou por transformar este piloto no género que mais odeio à face da Terra: a drama de adolescentes do liceu da pequena cidade. Por sua vez, a carga sobrenatural está lá, mas tão camuflada que serão necessários muitos episódios para desmontar a matrioska tão complexa em que este género é apresentado.
Continuando no menos bom, é de ressalvar o conjunto de clichés berrante do elenco principal: McKenna Brady (Liana Liberato) é a adolescente sem sal, vítima de um passado injusto; Olivia Richmond (Peyton List) é a riquinha fútil e snobe; Candace Preston (Ajiona Alexus) é a negra pobre que vive na sombra de Candace e que ambiciona conquistar tudo aquilo que a amiga tem; e Alex Portnoy (Brianne Tju) é a jovem lésbica rebelde, que de rebelde só mesmo o piercing do nariz. É incrível como depois de tantas séries e críticas negativas, os grandes guionistas americanos continuam a insistir na mesma tipologia de personagens sempre que tentam retratar o ambiente estudantil.
Para finalizar, não temos, nem teremos, uma série fantástica capaz de nos viciar. Temos sim uma série com poucos episódios curtos, que se vê bem e que poderá preencher o nosso tempo livre dada a pobreza que esta fall season se tem revelado. O enredo é fluído e aguça-nos a curiosidade à medida que os episódios avançam, apesar da ausência de grandes efeitos especiais ou qualquer explicação sobre o que realmente significou aquele jogo (pouco) inofensivo dos minutos introdutórios.
Rui André Pereira