Contém Spoilers!
Chegou a estreia de mais uma série do universo Marvel, Inhumans, que conta a história de um povo, todos eles diferentes dos humanos por terem um poder, ou uma característica, que os distingue. Devido a essa mesma diferença, começaram a ser perseguidos até decidirem viver em segredo na lua. E é assim que começa este episódio, com dois inhumans a fugir dos humanos, acabando por serem feridos.
De seguida torna-se um pouco confuso, somos apresentados a uma grande quantidade de personagens e ao refúgio onde estes vivem na lua, começando pela realeza, Black Nolt e a sua mulher Medusa; seguindo-se quem se percebe rapidamente que será o antagonista, Maximus (Iwan Rheon), que defende que os inhumans deviam atacar a terra e reconquistar o que é deles. Black Bolt não fala, mas defende que não irão atacar a Terra, apesar de terem perdido o contacto com um enviado numa missão para oferecer refúgio a outros inhumans que ainda estivessem na Terra. Depois podemos assistir ao ritual que permite que a natureza de um indivíduo se revele, ou seja, mostrar o seu poder ou o que os seus genes têm de diferente, como por exemplo umas asas.
Usando a missão falhada de Triton, Maximus culpa Black Bolt por não agir e ganha algum apoio junto do público e, numa discussão com Medusa, descobre-se que este está apaixonado por ela e que o poder desta provém do seu cabelo, é capaz de o controlar com a sua vontade. Depois de falhar em convencer Medusa a juntar-se a ele, mete em andamento um golpe de estado, vira-se contra o irmão juntamente com muitos soldados, tentando matar os seus apoiantes. Os que se conseguem safar são Gorgon (cujo poder temos um vislumbre quando pisa o chão e cria uma onda de choque), que se encontrava na Terra a tentar encontrar Triton, Karnak (que tem o poder de calcular como uma situação se irá desenvolver e como deve agir), Medusa e Black Bolt, graças à ajuda da irmã de Medusa, Crystal. Porém, antes de Medusa escapar, Maximus encontra-a e corta-lhe o cabelo, tirando-lhe assim (até crescer novamente) o seu poder. Por sua vez, antes de Maximus escapar, descobre-se o porquê de ele não falar, o seu poder é a sua voz, que emite uma frequência destrutiva, tendo inclusive morto os seus pais assim.
Black Bolt tem dificuldades de adaptação na sua chegada à Terra. Quando se vai vestir numa loja de roupa não sabe que devia pagar e acaba por roubar as roupas e, quando aparecem polícias a tentar prendê-lo, resiste. No entanto a cena de luta que se segue – em que assistimos a alguma brutalidade policial – serve para a construção do carácter da personagem. Se alguma dúvida houvesse quanto às suas intenções pacíficas ou à sua boa natureza, acabam aqui, uma vez que podia ter facilmente usado a sua voz para escapar, mas resiste e não deixa escapar um som a não ser quando atingido por um taser, mas foi involuntário e apenas atingiu um carro. Por outro lado, Gorgon tem uma surpresa oposta, é salvo por uns humanos que o tratam muito bem e são muito simpáticos, contrariando a impressão que tinha criado deles.
Ainda antes do fim, temos uma luta entre Medusa e Auron (uma ajudante de Maximus) e a tomada de posse de Maximus com uma promessa de reconquistar o que lhes pertence por direito. Portanto temos um episódio cheio de clichés, desde traições shakespearanas até discursos de ódio contra uma raça diferente, para retomar o que lhes pertence por direito. O que pode tornar a série diferente e única é o universo criado e as personagens, já que na parte dos efeitos especiais ficou um pouco aquém do que esperava. Ao nível da interpretação, a série não peca, com Iwan Rheon no papel em que se sente mais confortável, de antagonista, e com Anson Mount de protagonista, com uma performance que faz quase lembrar um papel feito por Jim Caviezel. Destaco um ponto positivo como a banda sonora; a certa altura do episódio passam uma versão de Paint it Black (Rolling Stones), interpretada por Valerie Broussard, que torna a cena em questão espetacular.
Irei continuar a ver apesar da estreia ter sido um pouco fraca; no entanto, não seria a primeira série da Marvel a começar mal e a acabar em grande. Basta ver, por exemplo, a diferença entre a primeira temporada de Agents of Shield e a quarta. O que acharam? Curiosos para ver como prossegue?
Raul Araújo