The Deuce – 01×01 – Pilot
| 14 Set, 2017

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Com o carimbo da HBO, The Deuce leva-nos para as ruas de Nova Iorque nos anos 70, mais concretamente para o mundo da prostituição. Com um belo elenco, no qual facilmente reconhecemos algumas caras, a série faz-nos percorrer os momentos da vida nas ruas.

Estamos no ano de 1971, numa cidade suja de Nova Iorque onde o sexo e o dinheiro que dele advém são um negócio em expansão. A expressão “O sexo vende” encaixa que nem uma luva se procurarmos um definição concreta para a premissa da série. O sonho americano é um bilhete de ida de muitos jovens para as grandes cidades. Todos sonham com uma vida repleta de luxo e diversão, mas a realidade é uma chapada que acaba por bater rápido. Tão rápido que somos logo apresentados a Lori mal começa o episódio. Lori é uma rapariga que acaba de chegar a Nova Iorque, mas, ainda no aeroporto, é abordada pelo charmoso C.C., que acaba por a “contratar” para ser uma das meninas dele. C.C. é um dos “chefes” das prostitutas e tem um vasto domínio na cidade.

Maggie Gyllenhaal interpreta precisamente uma das prostitutas. Ela, ao contrário de todas as outras que conhecemos neste episódio, trabalha por conta própria, não devendo nada a nenhum homem. Durante uma parte do episódio vemos um dos chefes a tentar que vá trabalhar para ele, coisa que ela rejeita. Dá a entender que ela é bastante solicitada no meio dos homens fortes da cidade e que quem a “contratar” vai conseguir uma grande fonte de rendimento. No entanto, ela parece contar os dias para sair do serviço. Ela só o faz de modo a arranjar dinheiro para dar uma boa vida ao filho. No final do episódio, vemos o antigo quarto dela, onde existem muitas fotografias da Marilyn Monroe e de Elvis, dando a ideia de que também ela foi atraída pelo grande sonho do estrelato, mas acabou nas ruas de Nova Iorque.

Maggie junta-se a James Franco como as caras mais conhecidas da série. Franco representa duas personagens, dois irmãos. Um é Vinny, um barman bastante querido e conhecido pelos habitantes do local. É no seu bar que param todos para uma bebida. Vinny tem ligações com a máfia e dá-se muito bem com o sexo feminino. Já o seu irmão, Frankie, é um charlatão que engana meio mundo. Deve dinheiro a homens perigosos e por causa disso tem meia Nova Iorque atrás dele.

A ideia deste projeto é durar cerca de três temporadas, abordando várias fases do mundo do sexo na América. A primeira temporada decorrerá nos inícios dos anos 70 onde a ideia de comercializar o sexo começou a ser pensada. A segunda será no final da década, onde a pornografia foi legalizada e o sexo começou de facto a render. A última será nos anos 80, quando a indústria caiu a pique, muito devido ao aparecimento em força dos VHS.

Resumindo o que me ficou enquanto espectador deste primeiro episódio, digo que a série é assustadoramente boa. Confesso que como jovem artista que sou, o medo e as consequências do chamado sonho americano estão bem presentes na minha vida. Aquilo que mais me marca no episódio é a forma crua como a realidade nos é apresentada. Sem pressa, mas também sem rodeios. Está ali, à frente do espectador. Resta-nos a nós, como tal, tirar as conclusões.

Outro aspeto que não posso deixar de referir, até porque é um tema que muito me interessa, é a forma como a sociedade, o mundo machista, como é o negócio do sexo, é exposto ao mesmo tempo que enaltece o papel da mulher. É fácil dizer-se que se é a favor da igualdade de sexos. Difícil é ser de verdade. Bom, esta série passa-se numa sociedade e numa indústria completamente machista onde as mulheres era tratadas como um simples pedaço de carne. Existem até alguns diálogos interessantes entre Vinny e uma rapariga no bar sobre a objetificação da mulher. Isto porque Vinny meteu as suas empregadas com roupas reduzidas de modo a atrair maior clientela. O pior foi que resultou. No entanto, fora do contexto da série, deixa-me feliz que atrás das câmaras estejam maioritariamente mulheres, que a série seja liderada por um grupo de personagens femininas bastante fortes e que exista uma igualdade nas cenas de nudez, que obviamente estão presentes no episódio. Estamos muito habituados a que sejam praticamente só as mulheres a mostrar os corpos. Nesta série isso não acontece.

Recomendo vivamente a visualização deste episódio.

Carlos Real

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