Conheçam Eli McCullough: um homem que será o rosto da ascensão dos Estados Unidos a uma superpotência mundial. A vida de Eli nem sempre foi fácil. Aliás, quando era jovem foi raptado e torturado pelos nativos americanos e passou por imensas dificuldades até se tornar um homem influente e endinheirado. Esta é a sua história.
Pierce Brosnan encabeça o elenco deste projeto de época do canal AMC que prometia ser uma das grandes estreias desta nova temporada de televisão. Mas The Son surge com uma moral algo deturpada e revela-se uma desilusão em vários aspetos. A nível de produção, a série é competente: cenários ricos, uma fotografia exemplar, banda sonora adequada e um elenco muito talentoso. Pierce Brosnan agarra a sua personagem com classe e dá-lhe um carisma James Bondiano. Algumas sequências de ação estão filmadas num processo interessante oscilando entre o amador e em takes longos e que conseguem ser verdadeiramente arrepiantes.
No entanto, esta aposta da AMC atropela-se constantemente num diálogo denso, pomposo e pouco envolvente. O conto multi-geracional acaba por se revelar algo racista relativamente ao retrato que faz dos nativo-americanos e que está a gerar alguma polémica online. De facto, ainda que usado para fins de entretenimento, The Son peca por tentar ser demasiado explícito no seu objetivo de promover a supremacia da raça branca. Independentemente das opiniões, o argumento continua a não suportar as exigências culturais do material que está a adaptar.
Ainda que algumas das sequências sejam interessantes do ponto de vista técnico, a história nunca consegue verdadeiramente agarrar-nos. Gostamos de ver Pierce, gostamos de alguma tensão, mas não ficamos deslumbrados. O segundo episódio tenta, de alguma forma, dar uma dimensão humana à personagem principal, mas nunca consegue surtir efeito.
Mas como é apenas o início, fica sempre uma réstia de esperança para melhorias e, quem sabe, The Son se consiga redimir nos episódios que se avizinham. Ainda assim destaco também a performance do jovem Jacob Lofland, que conseguiu ser a estrela dos momentos de tensão. É caso para dizer que, para os apreciadores de história, The Son vai parecer pouco desenvolvido e, para os amantes do entretenimento, também não vai deixar uma marca profunda que deixe com sede para continuar.
Jorge Lestre