Bem… com os instantes iniciais deste primeiro episódio de Crashing cheguei mesmo a pensar que poderia vir aí algo com jeito, mas parece-me que ainda não foi desta que a HBO acertou no que toca à produção de séries de comédia.
Crashing é uma série singular que nos conta a história de Pete Holmes (sim, o verdadeiro comediante Pete Holmes), um homem que aspira singrar no imenso mundo do stand up comedy de Nova Iorque, e cuja vida sofre uma reviravolta que irá servir de mote à continuação desta primeira temporada. Pete vive com a sua mulher, Jess, com quem passou a grande parte da sua adolescência e, logo após as primeiras cenas, descobre que a mulher está a ter um caso amoroso com Leif, um professor de artes e colega de Jess.
Devastado, sai de casa para vaguear pelos bares da cidade e num deles é-lhe dada uma oportunidade de subir ao palco e mostrar os seus dotes de comediante. Como seria de esperar, Pete espalha-se ao comprido e é gozado, acabando a sua moral por descer mais uns níveis. É neste desenrolar de situações que o infortunado homem conhece Artie Lange (também o verdadeiro Artie Lange), um comediante de algum sucesso que é como um herói para o protagonista.
Artie, numa cena bastante cliché e de relativamente fraca produção, ouve o desabafo de Pete sobre o infortúnio recém sucedido na relação com a sua mulher e a “velha raposa” do mundo da comédia dá-lhe alguns conselhos, incentivando-o a voltar para casa e perdoar Jess pela traição. Enquanto se despedem, o carro de Pete está prestes a ser rebocado e Artie tenta salvar o veículo, acabando apenas por causar mais estragos e fugindo de cena.
No caminho de metro para casa, o protagonista tem um ligeiro mental breakdown com umas crianças enquanto lhes conta que a vida não é o “mar de rosas” que idealizam em tão tenra idade. Apesar da amargura e angústia vivida, Pete segue mesmo o conselho de Artie e tenta surpreender Jess com um ramo de flores. Para espanto de ninguém mesmo, Jess está novamente na cama com Leif, que acaba por dar mais conselhos de vida – desta feita um pouco estranhos – a Pete.
No meio deste turbilhão de reviravoltas mais que esperadas, Pete recebe uma chamada de Artie e os dois acabam por se encontrar novamente e são alvos de um inusitado assalto no qual o protagonista acaba por salvar o dia e o coprotagonista mais uma vez foge, fazendo com que Pete seja ferido, mas não com gravidade.
O episódio acaba com Artie cedendo o sofá de sua casa para Pete passar uma noite. Com um nome como Crashing sabemos que provavelmente essa “única noite” irá tornar-se num conjunto de peripécias prolongadas e temos assim a primeira visualização dos futuros roomies desta nova aposta da HBO.
Um pilot estranho e, a meu ver, fraco. De realização de Judd Apatow, penso que o que poderá “safar” esta série será o desenrolar de eventos futuros e o facto de sabermos de antemão que irá trazer nomes como T.J Miller e Sarah Silverman, que poderão acrescentar algo mais. Uma série que apela ao humor de humilhação pessoal do protagonista e não às gargalhadas desenfreadas da maioria das séries de comédia.
João Alves