1814. Guerra. Grã-Bretanha. Estados Unidos. Regresso. Morte. Vingança. Terra. East India Company.
São estes os motes para o novo drama britânico, idealizado e protagonizado por Tom Hardy (Mad Max, The Revenant) e que conta, entre outros, com Ridley Scott (The Good Wife, The Man in the High Castle) como produtor.
James Delaney (Tom Hardy), dado como morto, regressa a casa depois de dez anos em África. James chega no preciso momento do funeral do pai, que tinha uma empresa naval e que nos últimos tempos de vida apresentava sinais de loucura.
A chegada de James deixa todos perplexos e surpreendidos, principalmente a sua meia-irmã Zilpha (Oona Chaplin, de Game of Thrones), com quem parece ter tido uma relação mais próxima, mesmo incestuosa, e da qual parece ter nascido um filho, de quem James nunca quis saber, mas que não deixa de ver pelo menos uma vez e que Zilpha parece querer esconder (pelo menos, numa carta escrita a James ela pede-lhe que os segredos do passado continuem bem enterrados). Esta parte é apenas uma suposição e pode ser que esteja enganado, mas que parece, lá isso parece.
O pai de James sempre acreditou que ele continuava vivo e, por isso, deixou-lhe em herança um pedaço de terra, Nootka Sound, que havia comprado aos índios e que faz fronteira entre o território governado pelos britânicos e os Estados Unidos, país com o qual estão em guerra. Para além disso, James reclama para si os escritórios da empresa naval do pai, agora ocupados por um bordel.
James, um ex-militar de excelência da East India Company, foi comandado pelo Sir Stuart Strange (Jonathan Pryce, o High Sparrow de Game of Thrones, com o qual parece partilhar muita da sua personalidade; as semelhanças parecem-me muitas), atual responsável por essa mesma companhia militar.
James conhece Sir Stuart como ninguém, afirmando mesmo que, uma vez que estudou os seus métodos na sua própria escola, sabe o mal que este é capaz de fazer, já que também já fez parte dele.
Sir Stuart e toda a East India Company tinham um acordo com a irmã e o cunhado de James para comprarem Nootka Sound, visto ser um sítio importante na estratégia da guerra entre Grã-Bretanha e Estados Unidos. James, porém, recusa-se a vender a propriedade, seja pelo dinheiro que for, já que é do seu conhecimento que a guerra está a chegar ao fim, com um acordo de paz entre os dois opositores e que com isso aquele pedaço de terra aumenta muito o seu valor e serve como “ponto de entrada” comercial com a China. Esta recusa de James gera grande revolta, levando Sir Stuart a mostrar o seu lado mais negro, mas que em nada altera a opinião de James e o leva a sair da reunião com um certo ar de superioridade.
James descobre ainda que o seu pai foi envenenado, o que acabou por levá-lo à loucura nos últimos meses de vida.
Um bom início, ainda que um pouco em aberto e que acabou por não mostrar muito, deixando várias opções em cima da mesa que, com certeza, serão abordadas no decorrer da trama. Esta tem tudo para ser uma série bem conseguida, visto juntar um conjunto de bons ingredientes: mistério, busca por vingança, o temperamento intempestivo e imprevisível de James (acompanhado do que parece ser uma boa interpretação de Hardy), a “luta” com Sir Stuart, as alucinações de James, que ouve vozes e vê pessoas (escravos africanos?) do seu passado e que leva à questão: o que lhe terá acontecido nestes últimos anos?
Para além disto, James escondeu um saco no início do episódio. O que terá aquele saco e que importância vai ter na história?
Parece que vamos ter de acompanhar a nova aventura de Tom Hardy para descobrir.
David Pereira