Esta nova série da Amazon, baseada no livro de Lynn Povich, The Good Girls Revolt: How the Women of Newsweek Sued their Bosses and Changed the Workplace, dá pelo nome de Good Girls Revolt e transporta-nos para o final dos anos 60, inícios dos anos 70, onde o reconhecimento do trabalho feminino na sociedade machista de então não era o que é hoje.
A série traz-nos a verídica história de Nora Ephron, interpretada por Grace Gummer, filha de Meryl Streep, uma jornalista que se viu descriminada no seu trabalho enquanto escritora por ser mulher. Nora não aceitou a situação e, contrariando a posição habitual das mulheres naquele tempo, decidiu lutar contra a opressão afirmando que as mulheres tinham total direito a uma igual avaliação e aprovação do seu trabalho à imagem do que acontecia com os homens. Nora acabou por inspirar uma série de mulheres que trabalhavam na redação ao ponto de estas se terem revoltado – tal como nos indica o nome da série – e mudado o paradigma.
Este longo primeiro episódio passa-se quase todo na redação da fictícia News of the Week, onde somos apresentados aos poucos à personalidade de cada uma das personagens da série. Como seria de esperar, as personagens femininas controlam o argumento. É apaixonante, e ao mesmo tempo assustador, ver a quantidade de injustiças levadas a cabo por um chefe machista que favorece o papel do homem ao ponto de rejeitar incluir o nome de Nora na autoria de um texto que ela tinha escrito em conjunto com um colega do sexo masculino.
Vemos também que naquela altura a hierarquia era bastante discriminatória para as mulheres, sendo que os homens eram os repórteres de serviço e as mulheres apenas podiam fazer investigação, mas sem nunca poder ter textos em nome próprio publicados. Isso é inclusive atirado à cara de Patti Robinson (Genevieve Angelson) pelo seu namorado. Patti, a personagem principal deste grupo de raparigas, é uma jovem trabalhadora e sonhadora. Quer subir na vida pelo seu trabalho e pelo seu esforço, abdicando até da sua vida pessoal para isso. É uma personagem cativante e muito bem interpretada.
Concluindo, esta série histórica vem avivar a memória daquilo que foi, e talvez de um modo mais contido ainda seja, o papel da mulher no meio de uma sociedade globalmente machista. Hoje diz-se que a mulher tem de fazer o dobro do homem para ver o seu trabalho reconhecido. Pois, naquele tempo, nem isso era suficiente. Do meu ponto de vista, é um argumento e uma representação muito bem conseguida e que promete dar ênfase ao enorme papel que as mulheres têm no mundo.
Carlos Real