Parte de mim ficou destroçada quando anunciaram o spin-off de Jessica Jones centrado em Luke Cage. Achava que Luke encaixava bem na atmosfera da série e humanizava Jessica. Ele era uma de duas pessoas que conseguiam fazê-lo. Contudo, o meu choro cessou ligeiramente depois de assistir a este primeiro de treze episódios da primeira temporada da nova série da Marvel exibida na Netflix.
Luke Cage é a prova viva de que a Netflix consegue fazer algo às séries de super-heróis que escapa à The CW. Não tem a ver com o facto de estas serem da Marvel e as da CW serem da DC Comics. Tem a ver com superficialidade. Todas as séries da CW (vá, The Flasha e por vezes Supergirl ainda se vão safando) são muito ocas de sentimento, por muito que tentem ser profundas. Aliás, o mesmo posso dizer dos filmes da Marvel que andam por aí agora. Muito comerciais, falta-lhes alma.
Pelo contrário, as séries da Netflix são cruas e humanas. Luke Cage, Jessica Jones e Daredevil passam-se em Nova Iorque, mas uma pessoa nem diria que os três heróis vivem na mesma cidade. Tudo é diferente, cada série tem o seu quê de especial. Apesar de, das três, a minha favorita ser Jessica Jones, Luke Cage não se apresentou nada mal.
Depois de ter “fugido” de Jessica e do seu mundo depois de ela lhe ter dado um tiro na cabeça, Luke refugiou-se em Harlem, uma zona em Nova Iorque onde a maioria da população é afro-americana. Luke faz tudo para passar despercebido. Tem dois empregos e recebe em dinheiro vivo para não ser localizado. Apesar de saber dos problemas que habitam naquela zona, Luke prefere guardar os poderes para si.
No entanto, rapidamente a coisa muda de figura quando descobre que um antigo inimigo seu faz parte de um bando de tráfico de armas e que um dos chefes é dono da discoteca onde Luke trabalha. Quem também está metida ao barulho é a prima de Cottonmouth, uma vereadora que tem as mesmas ideias para Harlem que Donald Trump tem para os Estados Unidos da América. Ela usou dinheiro federal para construir a discoteca onde o primaço deve lavar o dinheiro. Portanto, Harlem está em maus lençóis tal como Hell’s Kitchen estava nos tempos de Wilson Fisk. Aliás, Mariah fala dele e em como o seu esquema correu mal.
Interessante como em Luke Cage não foram tímidos a apresentar os vilões da trama logo no primeiro episódio. O mesmo não aconteceu em Daredevil e Jessica Jones, em que tivemos de esperar para descobrir quem eram os maus da fita. Aliás, nem estava à espera que Luke se metesse logo ao barulho no primeiro episódio. Estou desertinha para saber qual é a história dele com o tal Shades! Acho que vou fazer maratona. Adeus, mundo!
Com uma atmosfera muito a lembrar os anos 70, especialmente na barbearia e na discoteca, Luke Cage apresenta-se com um piloto bastante forte, embora não seja perfeito e fique um bocadinho na sombra de Jessica Jones e Daredevil. Conhecendo as séries Netflix, sei que esse sentimento vai desaparecendo, mas é esperar para ver!
Maria Sofia Santos