A HBO habituou-nos a séries incríveis. The Sopranos, Girls, Broadwalk Empire, Sex and the City, Veep e Game of Thrones, são apenas algumas. Westworld estreou há duas semanas e já conquistou a crítica e os fãs. Contudo, o mesmo não se pode dizer deste regresso de Sarah Jessica Parker ao pequeno ecrã.
Eu estava aqui prontinha para falar mal da atriz, que desprezo desde os seus tempos de glória em Sex and the City. Detestava Carrie e o sentimento arrastou-se para a atriz. Contudo, em Divorce há muito mais para criticar do que os quilos de maquilhagem aplicados no rosto de Parker. Primeiro que tudo, esta série é supostamente uma comédia… mas o que há de engraçado num divórcio?
No episódio piloto apanhamos o casamento de Frances e Robert já nas últimas gotas. O casal está junto há 17 anos e ela decide colocar um ponto final na relação depois de ver uma das suas melhores amigas apontar uma arma ao marido na sua festa de aniversário. Contudo, quando o amante a rejeita, Frances repensa o divórcio, mas a coisa corre-lhe mal depois de Robert descobrir o seu caso extra-conjugal.
É incrível como um elenco recheado de caras conhecidas e talentosas dê vida a personagens tão vazias de personalidade. Ou se elas existem ainda não as mostraram neste episódio. Como é possível termos empatia por Frances se só sabemos o que corre mal no casamento da parte dela? Nunca a vimos interagir com o marido e juro que nem me lembro da cara dos filhos deles. E acabei de ver o episódio há dez minutos. Ah, e juro que me ri quando Diane sacou da arma e a apontou ao marido. Porque a única coisa que memorizei naquela conversa que ela teve com Frances foi que o marido estava gordo e isso a chateava. A série atirou-nos para a vida destes casais já no limite e não dá para sentir nada por ninguém. Quero dizer, Frances não era feliz com Robert, mas como Julian não a quis correu novamente para os braços do marido? Então e a história de não ser feliz com ele, de não o amar, de tudo aquilo que ele fazia a irritava? Hein? Não é possível gostarmos de personagens que acabámos de conhecer quando elas estão no seu pior. Talvez lá mais para a frente, quando a história se aprofundar e virmos o casal a lutar pelo casamento ou a reconstruir as suas vidas, (não sei bem o que vai acontecer, o nome da série é muito definitivo e confuso ao mesmo tempo) venhamos a interessar-nos pela história ou a soltar uma gargalhada. Mas se isto é uma comédia, lamento informar os produtores, mas estão a falhar. Nem uma única vez me ri ou sorri sequer. Grace and Frankie retrata a vida de duas mulheres que descobrem que os maridos são homossexuais e apaixonados um pelo outro. Apesar de as temáticas não serem exatamente iguais, na série da Netflix conseguiram fazer sobressair a piada e não perdemos muito tempo a pensar na vida das duas senhoras ficar de pernas para o ar. Em Divorce só penso em como será penoso o futuro de Frances e Robert e como reagirão as crianças.
Em suma, a nova aposta da HBO não me convenceu e se continuar neste caminho, a estadia de Sarah Jessica Parker será bem mais curta do que os seus seis anos em Sex and the City. Divorce é demasiado superficial e ficamos com a sensação de que perdemos meia hora da nossa vida. Triste, mas verdade.
Maria Sofia Santos