Esta série que a ABC nos traz, Speechless, está longe de ter um formato inovador, é mais uma das típicas comédias familiares que surgem no arranque da época de séries, de entre as quais poucas retornam no ano seguinte. No entanto, esta tem alguns elementos que a podem destacar das demais e atrair alguns fãs do género.
Tinha curiosidade em ver o piloto desta série para ver John Ross Bowie (o Kripke de The Big Bang Theory, que tem um tique na voz super engraçado). Confesso que apesar de ele ter naturalmente graça, sem o tique perde alguma piada, mas não deixa de lhe assentar bem o papel do pai descontraído e divertido.
Esta série conta a história de uma família composta pelo casal Maya e Jimmy Dimeo (John Ross Bowie) e dos seus três filhos Ray, Dylan e JJ.
O nome da série centra-se na personagem de JJ, um rapaz com uma paralisia que o impede de andar e falar. Então a família decide mudar de casa para estar perto de uma escola onde o JJ possa ter uma “voz”, uma pessoa que transmite o que o JJ comunique no computador acoplado à sua cadeira de rodas. A primeira voz é estridente e irritante e rapidamente é dispensada, mas ainda nos permite algumas gargalhadas quando lê em voz alta pensamentos de JJ, não muito próprios para serem compartilhados diante de todos. JJ acaba por escolher como sua voz Kenneth, o jardineiro e homem do lixo da nova escola, e aqui sim está o elemento que poderá ser diferenciador, como duas pessoas tão diferentes poderão criar uma ligação, sendo que Kenneth dá a entoação e interpretação que faltava às “falas” de JJ.
Mas não posso deixar de lado os dois irmãos de JJ: Ray, a atravessar o período da adolescência e a lutar contra os ciúmes das atenções da mãe serem sobretudo para JJ; e Dylan, a irmã mais nova, uma miúda furacão sem papas na língua, à imagem da mãe.
Temos aqui então uma série familiar que tenta abordar uma incapacidade de um modo leve, no seio de uma família um tanto ou quanto disfuncional e com humor à mistura.
André Borrego