Contém SPOILERS!
Vice Principals, a mais recente série da HBO, acompanha as aventuras de dois subdiretores de um liceu que lutam pelo cargo de diretor deixado vago. Trata-se de uma série peculiar, não só por termos conhecimento que terá, no seu todo, apenas 18 episódios distribuídos por duas temporadas, mas também por termos aqui um registo de comédia recheado de atores consagrados neste género… haja dinheiro para tantos salários!
O respeitado diretor Welles (participação especial de Bill Murray) demite-se do cargo que desempenha há décadas e é-lhe feita uma homenagem por toda a comunidade escolar. Apesar de idoso, não é a idade o motivo que o leva à demissão, mas sim a sua esposa moribunda. Com o afastamento de Welles, alguém terá de ser nomeado para o cargo e os seus subdiretores julgam que têm pleno direito à cadeira confortável do liceu.
Neal Gamby (Danny McBride) e Lee Russell (Walton Goggins) são os dois subdiretores do liceu. Nota-se que a sua relação nunca foi cordial, já que Gamby, numa tentativa de honrar o testemunho do seu pai (antigo diretor daquele liceu), exibe uma postura severa aos alunos e apresenta uma relação distante com os professores do estabelecimento. Temos aqui um homem que vive para o seu trabalho e, por isso, perdeu a sua família para um homem que gosta mais de si que a sua ex-mulher. Por seu lado, Russel é o oposto: veste bem, tem uma postura levemente efeminada e é a pessoa mais popular entre os seus pares. Contrariamente a Gamby, Russel é astucioso e manipulador. Começam a fazer a vida negra um ao outro, mas ambos têm um dissabor ao verem que a nomeação para o cargo não recai em nenhum deles, mas sim em Belinda Brown (Kimberly Hebert Gregory). Enquanto que o ingénuo Gamby não consegue esconder a desilusão de sua não nomeação, Russel desfaz-se em doçura para com a nova diretora.
No entanto, no fim do episódio, o lema “d’o inimigo do meu inimigo meu amigo é” junta esta dupla improvável com um único objetivo: expulsar a Dr.ª Brown para que um deles assuma o posto que tanto desejam.
Em suma, foi meia hora bem passada, embora a série não seja extraordinária. A escolha do elenco foi arrojada, mas o guião acaba por falhar no tipo de comédia que apresenta: humor pouco inteligente, personagens cliché, piadas e gestos desgastados que imitam as comédias de há 20 anos atrás. Confesso que não ri, nem esbocei um sorriso durante todo o episódio, já que todo ele foi demasiado previsível. No entanto, a premissa deixada pelo piloto é um diamante em bruto que, se bem lapidado, pode transformar Vice Principals na comédia do ano.
Rui André Pereira