Contém SPOILERS!
Continuando com a sua tradição natalícia, o canal Syfy apresentou mais uma minissérie ao seu público. Dividida em três episódios, Childhood’s End baseia-se no livro de ficção-científica com o mesmo nome de 1953, de Arthur C. Clarke. A série situa-se em 2016, onde se dá a chegada de alienígenas que prometem levar a humanidade para a sua era dourada. Solucionando os problemas com que o Homem vive desde sempre (fome, doenças, guerras e poluição), Karellen parece ser o único recurso para um mundo melhor.
Foram quase noventa minutos neste episódio piloto, embora pouco nos tenha sido apresentado. Arrisco-me a dizer que um vulgar episódio de quarenta minutos tinha exatamente o mesmo efeito. A primeira cena que vemos é protagonizada por Milo Rodericks, que acompanhamos como criança durante quase todo o episódio, afirmando que é o último ser humano do planeta. Reparamos ainda que a cidade onde Milo está encontra-se completamente destruída.
Em 2016 o mundo muda radicalmente. Surgem, sobre as principais cidades, naves extraterrestres, iniciam-se interferências eletromagnéticas e os aviões poisam repentinamente. Todo o mundo está de olhos postos no céu, até que os mortos regressam momentaneamente à vida para entregarem uma mensagem: Karellen é de uma raça alienígena visivelmente superior e veio para a Terra como supervisor para levar o Homem à sua idade dourada. Como seria de esperar, são muitos aqueles reticentes sobre as reais intenções de Karellen, sobretudo porque ele não dá a cara, apenas escolhe um emissário, Ricky Stormgren (Mike Vogel). Ricky tem a difícil missão de conduzir as negociações para que a Terra siga o rumo certo. Em pouco tempo, as doenças terminam, a poluição desaparece, bem como a guerra e a fome. O mundo torna-se utopicamente perfeito e Ricky é demitido do seu cargo, já que deixa de ser necessário.
Vários anos se passam, Milo cresce e torna-se astrofísico, na esperança de concretizar o seu sonho de criança, ser o primeiro humano a visitar o planeta dos seus overlords. Reparamos que terminaram os bairros sociais e que a cidade ganha um ar mais limpo e imensos espaços verdes. E eis que se dá o dia mais esperado desde a chegada dos overlords… o dia em que Karellen vai mostrar a sua aparência! Uma cerimónia é preparada e transmitida mundialmente. Assim que Karellen se mostra, muitos são aqueles que exprimem surpresa e horror! Karellen é igual à representação dos demónios da mitologia cristã.
Como mencionei anteriormente, o episódio foi interessante, embora tenha sido demasiado longo para os conteúdos que apresentou. A determinada altura, os diálogos tornaram-se repetitivos, o que tornou o episódio um pouco enfadonho. Por seu lado, a banda sonora tornou-se cansativa e pouco entusiasmante. A premissa da série, atribuindo o papel de salvador a uma personagem com a aparência de um destruidor traz várias questões para os dois episódios que se seguem. Deveremos julgar “o livro pela capa”? Será Karellen um verdadeiro salvador? Se sim, o que levou Milo a assumir-se como o último sobrevivente humano num mundo pós-apocalítico? Resta-me assumir que irei ver o desenlace desta série pela curiosidade que me suscitou, embora admita que será custoso dada a duração dos episódios.
Rui André Pereira