Narcos – 01×01 – Descenso (Pilot)
| 01 Set, 2015

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A Netflix tem apostado na diversificação das suas apostas televisivas, alargando não só as temáticas como também o público-alvo; isto porque Narcos é uma série maioritariamente falada em espanhol e tem em destaque o crime organizado colombiano. Estamos nos anos 70 e Pablo Emilio Escobar Gaviria (Wagner Moura) parece ter começado a criar um pequeno império de tráfico de droga com a ajuda da sua família; Pablo é um homem de poucas palavras e de temperamento desequilibrado, o que parece ser ideal para o estatuto que alcançou com o passar dos anos. Assim que começamos a ver a série somos quase que por imediato colocados no centro da ação, narrada pelo detetive Steve Murphy (Boyd Holbrook) que foi enviado pela América para ajudar o governo colombiano a lidar com a aparente ascensão de Escobar. Aos 28 anos de idade, Escobar já tinha tanto dinheiro através do tráfico de droga, que aquilo que lhe faltava em ingressar no congresso parlamentar colombiano, o que assustou todos aqueles que sabiam da sua situação. Assim que aterra em solo latino, Murphy conhece o seu parceiro Javier Peña (Pedro Pascal) e, juntos, combatem a vasta rede criminal de Escobar com tudo o que isso lhes trás de bom e mau.

Narcos é uma série cronista que transporta o espectador para o “triângulo das Bermudas” da narrativa, e por isto entenda-se que há três frações que compõem o tema da história: Pablo Escobar, os polícias e o governo colombiano e tudo o que gira em torno deles. E, para agradar ao público em geral, não é necessário mais nada, pois ele sente que embarca numa viagem intimista pelo mundo do submundo criminal da Colômbia através da câmara amadora de José Padilha, conhecido realizador de Tropa de Elite. O facto de se focar em homens com poder, seja do lado correto da lei ou não, é um fator que serve para arrancar momentos de bastante adrenalina e entretenimento, o que agarra os seus fãs logo à primeira, com um piloto magnífico e bem explicativo da sua temática. No entanto, sente-se a falta de uma pequena visão do povo em geral e na forma como a ascensão de Escobar influenciou a vida quotidiana dos habitantes de Medellín (cidade de foco da narrativa) mas, com a ajuda de imagens verídicas dos eventos, este inconveniente é facilmente substituído por uma dose de realismo que logo nos faz esquecer desse pequeno pormenor.

No entanto, nem tudo em Narcos é perfeito e, apesar de o elenco ser maioritariamente talentoso, sentimos que Wagner Moura (conhecido ator brasileiro) não corresponde às necessidades da personagem que encarna. Habituamo-nos a ele, é certo, mas nem sempre o achamos cativante nem tão versátil e isso por vezes limita a credibilidade do enredo, uma vez que acabamos por notar o sotaque carregado do ator e no entrave linguístico que se torna bastante evidente nalgumas situações-chave. Mas as influências brasileiras da sua equipa, deste a palpitante banda-sonora de Pedro Bromfman, à fotografia e à realização especializada em locais de grande tensão social como as favelas, parecem ter trazido um encanto intimista a Narcos e, não só mantém o espectador interessado desde o primeiro episódio até ao último como deixa água na boa para eventuais renovações.

Entre dinheiro e droga, a necessidade e sede de poder são os fatores que mais se evidenciam num meio de senhores influentes da sociedade que trazem para o televisor uma interessante e magnífica miscelânea de criatividade mundana, que enaltece uma equipa de atores dedicada e junta o útil e o agradável da sua equipa técnica que faz um excelente trabalho a manter o expectador cativado do início ao fim da temporada.

Jorge Lestre

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