Zoo – 01×01 – First Blood
| 01 Jul, 2015

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Estamos no Botswana, onde o zoólogo Jackson Oz e o seu companheiro Abe enfrentam mais um dia na savana africana a mostrar as belas criaturas que nela habitam aos turistas mais curiosos. Jackson é filho de um (igualmente) zoólogo que parece ter falecido mas não sem mostrar as suas teorias acerca do mundo animal e da forma como possivelmente ele se vingaria contra os seres humanos. Do outro lado do mundo, a jornalista Jamie Campbell investiga o que levou dois leões do jardim zoológico de Los Angeles a atacarem o seu tratador e dois cidadãos sem razão aparente, ao mesmo tempo que acompanha o desaparecimento em massa de gatos domésticos nas redondezas. A jornalista, num tom aparentemente semelhante à de The Girl with the Dragon Tattoo, administra um blogue em segredo em que partilha igualmente os seus pensamentos sensacionalistas e que lhe causam alguns problemas no local de trabalho. De volta à savana, Jackson e Abe deparam-se com um cenário horrível assim que apreciam num vídeo amador de um grupo de leões machos a atacar um acampamento sem misericórdia e sem aviso prévio e novas surpresas sobre o comportamento anormal da fauna são dadas assim que o episódio chega ao seu final, validando a teoria do seu pai.

Esta aposta da CBS tem vindo a ter os seus problemas com a PETA no que toca ao recurso a animais vivos para interpretar algumas das cenas mais importantes da série. É lamentável, de facto, que com os recursos de hoje em dia seja necessário a utilizar animais reais para nosso próprio entretenimento quando a tecnologia de ponta nos permite moldar as situações digitalmente. O problema é que todos os estúdios de televisão reduzem os orçamentos das séries e técnicas dispendiosas como a robótica, caracterização e efeitos visuais são automaticamente colocadas de lado. A aposta de tornar Zoo numa forma de temermos o nosso amigo de quatro patas lá de casa é uma ousada e, tendo sido adaptada do romance de James Patterson e Michael Ledwidge, certamente causará alguma perplexidade e controvérsia.

Fora das investidas da PETA, Zoo promete ser um exercício televisivo de curta duração, assim que o espectador vê o avanço narrativo do piloto. É uma série que deveria ter saído em formato de filme pois o tempo de antena em televisão não satisfaz as necessidades recursivas que precisa. A premissa é de fraca consistência, com prestações pouco interessantes e argumento básico que se limita a atirar o espectador para uma autêntica “selva” sem sequer desenvolver a história a um ritmo normal. James Wolk e Kristen Connolly encabeçam o elenco, mas as suas personagens são já muito cliché e pouco (ou nada) cativam o espectador e o mesmo se pode dizer dos atores e atrizes secundárias que estão apenas a preencher tempo e espaço na história. As ambições da produção são demasiado elevadas para o pequeno ecrã e, custa-me seriamente acreditar, que foram precisos 4 argumentistas (Josh Appelbaum, André Nemec, Jeff Pinkner e Scott Rosenberg) para elaborar o primitivo guião do piloto. Estes senhores soam-nos algo familiar, visto que alguns deles são colaboradores habituais de J.J. Abrams e, nem mesmo sob a alçada de uma figura socialmente respeitável, conseguiram criar algo decente.

Há um momento em particular que me aborreceu mais, especialmente quando Jackson se depara com Chloe Tousignant, uma turista francesa cujo autocarro foi atacado pelo grupo de leões africanos. O momento em que estes dois se conhecem é um completamente previsível e baço, visto que a personagem irá ter um destaque maior com o avanço dos episódios; e, para quem sobreviveu a um horrendo massacre, até se acalma rapidamente. Personalidades diferentes… talvez…

Bem, para encerrar, Zoo não é uma boa aposta de televisão e, mesmo que vá terminar a temporada, aconselho a manterem-se longe desta salgalhada que tenta, de certa forma, manipular as atenções para os animais, mas que falha redondamente em fazê-lo. Ainda que tenha sido lançada numa altura importante, visto que o planeta está a perder os seus seres vivos a ritmos horripilantes, Zoo não será certamente o pioneiro da mudança. Basicamente, devia ter ficado atrás das grades e trancado a sete chaves ou então ser vendido a um estúdio como a Warner Bros.

Nota: 6,5/10

Jorge Lestre

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