Um vídeo lançado no YouTube torna-se viral e traz alguns problemas aos alunos da Escola Secundária de Lakewood que vêem uma das suas colegas mais populares ser assassinada em casa a sangue frio. Este homicídio leva um grupo de adolescentes a questionar o passado da cidade e a descobrir que tudo e todos têm segredos que são quase fatais se se tornarem públicos.
Quando vemos um dos muitos clássicos de terror de Wes Craven ser adaptado para o pequeno ecrã um certo brilhozinho percorre os nossos olhos. O legado que Gritos nos trouxe, ainda que fosse perdendo qualidade capítulo após capítulo, no pequeno ecrã é certamente uma boa série para a MTV, através da sua coolness tipicamente teenager e da sua temática infantilizada. Gritos é como o adolescente dos slasher movies em que praticamente os clichés dos filmes de terror/ thrillers de assassinos se juntam e trazem um divertido serão de sangue e muita burrice típica da idade à mistura. Portanto, estamos perante uma boa aposta para o Verão ou, pelo menos, pensamos nós ao início.
“Red Roses” começa com a morte da jovem Nina (aparição especial de Bella Thorne), uma detestável miss popular do colégio, que começa a receber mensagens e chamadas anónimas de um indivíduo que parece estar no mesmo espaço que ela. A jovem é assassinada brutalmente e o espectador começa a criar na sua mente toda uma rede de potenciais assassinos na sua cabeça, assim que as personagens começam a desfilar no ecrã. Desde a vitimizada Audrey (Bex Taylor Klaus), passando por todas as frações sociais do colégio, das animadas cheeleaders aos geeks, dos socialmente reprimidos às vedetas populares, ninguém é o que parece e todos eles parecem estar envolvidos como suspeitos. Um dos pontos mais interessantes de Scream é na fábula antiga sobre o assassino Brandon James que deixou uma marca profunda em Lakewood e na potencial repetição da sua história (uma breve homenagem à linha narrativa de Halloween). Ao contrário das séries de assassinos em que o enredo encaminha o espectador para factos imprevisíveis, Scream parece entregar “de bandeja” o seu argumento, o que pode trazer problemas graves para os restantes episódios da temporada. Embora o piloto não seja, de todo, precário, Scream parece cometer alguns erros relativamente ao carisma das personagens que nos irão conduzir pela temática, visto que nenhuma delas em particular é interessante o suficiente para cativar o espectador. No entanto, é no guião que a série ganha pontos a favor com constantes referências à saga original e ao cinema de culto dos slasher movies, bem como uma certa e deliciosa ironia de o clássico de Wes Craven ter sido adaptado para televisão.
Mesmo que os guionistas se tentem “desaproximar” do material de origem, a sua essência está lá e sente-se que a matéria-prima é aproveitada competentemente. No entanto, o ícone de Gritos é a máscara do assassino Ghostface e a nova utilizada é… bem… estranha, por assim dizer. Como pouco ainda foi dado a conhecer, Scream é uma pequena incógnita no universo cor-de-rosa da MTV mas que, com a ajuda do público-alvo do canal, poderá desenvolver-se em algo bem divertido.
Nota: 7,5/10
Jorge Lestre