[Contém SPOILERS]
Mitologia, especialmente grega, sempre me foi um tema de extrema atratividade. Trata-se dos primeiros trabalhos de fantasia humana, cujos requinte e elaboração ultrapassaram o teste do tempo para ainda hoje fascinar a muitos. Foi por isso com imenso entusiasmo que encarei a perspetiva do Syfy em fazer uma série baseada nessa mitologia, Olympus. É claro que o Syfy é bem conhecido pelos ocasionais efeitos visuais menos que convincentes e por uma escrita muitas vezes desajeitada. Mas com Olympus, a mitologia da história já estava largamente criada. Não haveria grandes margens por onde fazer asneira, certo? CERTO? Errado. Olympus parece ter sido propositadamente criado para falhar pelo aspeto deste piloto.
Tom York faz de herói da história, estupidam curiosamente chamado de Hero, segundo os créditos. Isto porque o nome dele não é dito uma única vez ao longo do episódio, porque ao que parece está amaldiçoado. Enquanto conceito interessante, é uma péssima ideia do ponto de cativação, já que sabota a criação de uma identidade apelativa ao público. Uma alcunha era uma ideia não? Ao invés disso somos tratados com uma panóplia de generalidades, como “mercenário”, “marshal”, etc. Menos ajuda ainda que o ator seja tão absolutamente desinteressante. Não existe qualquer magnetismo por parte dele. Ele não é um herói que nos fascine seguir. Aliás, nos 5 minutos em que já passei a redigir esta review já me esqueci até da cara do moço. Não tivesse eu qualquer noção do que estivesse a ver e apanha-se 30 segundos de uma cena com Sonya Cassidy, arriscaria dizer que a protagonista era a Oráculo.
Ah, a Oráculo! Revejamos a história para perceber o que se passou por este episódio.
O episódio começou então com o herói preso numa caverna, refém de um assustador Ciclope. O budget do episódio deve ter ficado todo na criatura, que em honestidade, estava bem feito. Interessante também foi terem criado um design próprio, em vez do típico gigante com um olho. Bem, ele continuava a ter só um olho, mas na boca. Espera…hum…como é que ele comia?
Em todo o caso, o Hero eventualmente escapa e continua a sua missão, a de encontrar a Oráculo. Encontra também duas outras mulheres que dizem elas também serem a Oráculo, para serem ajudadas a escapar pelo herói. Na incerteza ele salva as três e eventualmente acaba por descobrir qual delas é a verdadeira. Exatamente como eu não percebi. “Ah, esta está a fugir, é ela!”(?) Isso ou ele resolveu ir atrás da nova e gira, lógica que eu não posso argumentar! E ela bem que tentou fugir. Inclusive quando são atacados por dois rapazes selvagens e um acaba por ser o irmão dela, Theo.
Enquanto eles brincam ao gato e ao rato, está uma guerra a ocorrer em Atenas, com o Rei Aegeus a tentar defletir os ataques do Rei Minos. Ele e a Rainha Medea tentam extrair os segredos do Lexicon, um código dos deuses que permite a mortais entrar no Olimpo, e assim ganharem poder. A Medea acha que o Lexicon se encontra dentro do seu filho, Lykos, mas as visões do rapaz não passam de disparates. No entretanto, os aliados do Rei conspiram contra ele, incluindo o irmão Pallas.
De volta ao Hero e à Oráculo, ele lá consegue levá-la (agora na companhia do irmão Theo) até ao templo. E tanta coisa para afinal lhe fazer uma pergunta pessoal? Como ela muito bem aponta, não podia ter perguntado antes? Nada como metade de um piloto ter sido inútil!!! Portanto, ele pergunta porque foi ele criado em segredo. As visões da Oráculo revelam que na verdade ele é filho do Aegeus e por isso o verdadeiro portador do Lexicon! Perante a revelação o Priest do templo quer aprisionar o Hero. Dá-se uma luta. O Theo é tomado refém. O Hero rende-se. O Theo é morto na mesma. Drama.
História aborrecida. Interpretações fracas. A última vez que me lembro de ver um piloto tão claramente mau foi com The Vampire Diaries. Por isso não posso afirmar que Olympus não conseguirá recuperar de todo da desgraça que isto foi. Mas difícil será. Muito. Imenso.
Nota: 3/10
André F Dias