Dominion é baseada no filme de 2010, Legion. De forma mais precisa, Dominion acontece 25 anos após os eventos de Legion. Ver o filme não é necessário para compreender a série e até desaconselho porque o filme é bastante mau.
O episódio abre com uma belíssima introdução à história, feita num traço artístico que recorda a típica iconografia religiosa. Esta introdução conta-nos uma versão ligeiramente diferente – mas que faz mais sentido – dos eventos do filme e adiciona um pouco do que aconteceu durante os 25 anos de intervalo. Vamos então mergulhar em Dominion!
Há 25 anos, Deus desapareceu e os anjos culparam os humanos. O arcanjo Gabriel abriu guerra contra a humanidade e os anjos inferiores juntaram-se a ele. Não tendo forma corpórea, estes anjos possuíram humanos. Entre os que foram possuídos e os que foram chacinados, a humanidade foi levada à beira da extinção.
A maioria dos anjos superiores não se juntou a Gabriel, mas também não se opôs. Apenas o arcanjo Michael decidiu lutar em defesa do Homem. Michael salvou um bebé que cresceria para salvar a humanidade e ajudou os sobreviventes a construírem cidadelas fortaleza para se protegerem.
A cidadela onde se passa a história foi erigida nas ruinas de Las Vegas, renomeada para Vega e é entre todas a mais forte. Vega rege-se internamente por um complicado sistema de castas, construído em influência familiar, aptidões práticas, etc. As castas hierarquizam-se de V1 (mais baixa) a V6 (mais alta). No topo estão a família Riesen, regida pelo General Edward Riesen e a família Whele, regida pelo Secretário do Comércio David Whele.
Iniciamos a ação com Alex, o nosso herói, a confrontar três 8-balls (humanos possuídos por anjos, assim designados devido aos seus olhos negros) fora das muralhas de Vega. Mata de imediato um e atrai o outro até às armas defensivas de Vega. O terceiro simplesmente desaparece.
Apesar de ter chegado são e salvo à fortaleza, Alex encara repercussões, visto que saiu sem autorização. A punição pode passar por descer de casta. Sendo ele apenas V2 (casta dos militares) seria rebaixado a V1. O arcanjo Michael, acabado de voltar de uma orgia com a Senadora Becca, não o despromove, mas castiga Alex à antiga, com um chicoteamento. Felizmente é salvo pelo General Riesen, que o tem em grande consideração desde que ele lhe salvou a filha, Claire.
Claire parece ter também grande consideração por Alex e vice-versa. Ambos planeiam abordar o General com uma proposta de casamento, mas caso não sejam abençoados já têm preparada uma fuga de Vega. São interrompidos por William Whele, que parece ter também interesse em Claire.
Uma delegação de Helena chega a Vega. Arika, a porta-voz da delegação, diz a Whele que a sua líder, Evelyn, não está pronta para um tratado. Contudo, assim que Whele lhe mostra a construção de um reator nuclear, as coisas parecem mudar de figura e ela oferece-lhe de imediato 500 noivas para Vega. Mas Whele tem outros planos. Helena é a única cidadela com uma força aérea e quere-a do seu lado quando o seu filho se tornar líder de Vega.
Com o arcanjo Michael reencontramos Jeep, personagem de Legion, o pai do bebé salvador. Passou 15 anos desaparecido, julgado morto, a tentar decifrar, infrutiferamente, as tatuagens que lhe foram passadas por Michael e que supostamente contém as indicações para que o bebé tornado homem salve a humanidade. Para além dessas notícias frustrantes, revela ainda que descobriu que Gabriel está numa fortaleza em Boulder Colorado a organizar um novo exército. Pior, agora conta com ajuda de alguns dos Powers, anjos da segunda esfera que, tal como os arcanjos, possuem forma corpórea.
William revela ao pai que encontraram traços da existência de um culto adorador de anjos. Whele diz ao filho que vai usar um 8-ball que capturaram (aquele que tinha desaparecido no início do episódio) durante a comemoração Jubilee – basicamente uma comemoração “Hey! Ainda estamos vivos!” – para relembrar à população o quão perigosos os anjos são.
Na celebração do Jubilee, Whele anuncia a junção das famílias Riese e Whele através do casamento de Claire e William, surpreendendo todos, incluindo Claire e Alex. Dada esta notícia, Whele prossegue para o seu grande evento da noite e revela o 8-ball. Previsivelmente, isto dá para o torto. Gabriel controla remotamente o 8-ball, que se liberta e começa a atacar toda a gente. Michael mata-o, mas surgem outros anjos a atacar a cidade, incluindo um Power, Furiad. Alex e Claire poderiam fugir no meio da confusão, mas Claire sente-se obrigada a ficar e ajudar a cidade.
Uma criança entre a delegação de Helena, Rowan, considerada um savant, revela ser afinal um Power quando ataca Jeep. Jeep morre nos braços de Alex e revela-lhe que é ele o escolhido. Whele em especial recusa-se a aceitar. Passados 25 anos muitos julgavam que o bebé salvador não passava de uma história inventada por Michael para dar esperança na luta contra os anjos. No entanto, as tatuagens de Jeep transferem-se para Alex, provando a afirmação.
No rescaldo do ataque, Michael pressiona Alex para decifrar as tatuagens. Alex concentra-se e aos seus olhos parte da tatuagem começa a modificar-se, escrevendo “Beware of those closest to you.” Todavia, Alex diz a Michael que não consegue ler nada.
Na última cena vemos Gabriel e os Powers algures perto de Vega com alguém a ir ao seu encontro. É William Whele, que lhes revela a identidade do Escolhido e nos oferece a primeira cara no culto adorador de anjos.
Considerações:
– Muito se falou de Helena e de Evelyn, neste episódio. Estou curiosíssimo para mais desenvolvimentos sobre esta cidadela e a sua líder.
– Não sou fã das linhas de enredo que envolvem espiões infiltrados. Ou melhor, saber da sua existência. Prefiro quando a revelação é feita num momento da traição terrível e somos surpresos ao mesmo tempo que as personagens.
– Existem várias formas de poder em jogo que poderão adicionar camadas interessantes à batalha Humanos-Anjos. Existe o poder político (Whele), o poder militar (Riesen), o culto que acredita na existência de um salvador (Claire) e o culto a favor dos anjos (William).
– A produção da série está bastante bonita, mesmo com o CGI pobrezinho – afinal de contas isto não é o HBO. Dá-nos o suficiente para cativar o olho e mostra-nos que o Syfy quer realmente apostar nesta série.
– O elenco em geral é bastante bom. Destaco dois momentos de grande interpretação. O primeiro é a conversa entre Whele (Anthony Head) e Riesen (Alan Dale). Tudo o que é oferecido por Anthony Head à personagem, desde postura a tom de voz, expõe-nos de imediato a personalidade manipuladora, calculista e sedenta de poder de David Whele. O outro momento foi a cena de revelação do casamento Riesen-Whele, em que Roxanne McKee é muito boa a jogar entre a surpresa de Claire e a necessidade de manter as aparências para a população.
– Com a insinuação de orgia e a cena de chuveiro misto, o Syfy promete mostrar tanto quanto lhe for possível!
– O episódio não foi perfeito. Entre tanta colocação de peças e organização de tabuleiro, houve pouco desenvolver. No entanto, é coisa que se pode resolver nos futuro episódios e os três momentos de ação foram bem colocados para quebrar a monotonia da exposição. Não só valorizo o esforço, como adorei!
– Já mencionei que gostei mesmo muito daquela introdução?
A minha nota seria uma 7.5, mas adiciono-lhe um pouco mais pelo potencial latente. Estou com muita vontade de continuar a seguir esta série. O que acharam?
Nota: 8/10
André Dias