[Não contém spoilers]
A 1.ª temporada de Charité passa-se no conhecido hospital de Berlim com o mesmo nome, em 1888, numa época em que o nacionalismo parecia estar em ascensão, mas o patologista Rudolf Virchow (Ernst Stötzner) queria defender os seus valores liberais. A série retrata vários físicos (era assim que se designavam os médicos à época) e cientistas durante os últimos dias do reinado de Frederico III, que morreu após apenas 99 dias a governar, e os tempos que se seguiram à sua morte.
O episódio começa com a entrada de Ida Lenze (Alicia von Rittberg) no hospital com uma apendicite aguda. Ela é operada pelo Dr. Emil Behring (Matthias Koeberlin), mas logo percebemos que estas duas personagens já se conhecem, pois Ida diz não querer ser operada por ele. Relação essa que esperava que fosse mais explorada no episódio, mas isso não aconteceu e penso que poderia ter dado outra dinâmica ao piloto. Contudo, será decerto explorada nos próximos capítulos.
Temos aqui uma série de época que me parece bastante precisa. Os cenários parecem autênticos, assim como as roupas e o comportamento das personagens, bastante religiosas no que toca às enfermeiras.
O contexto histórico e as histórias individuais completam-se com desempenhos sólidos por parte dos atores, mas as histórias das personagens em si, apesar de estarem bem delineadas e dentro do contexto, não me cativaram por aí além.
Apesar de as personagens pareceram um pouco distantes e frias, conseguimos sentir alguma empatia por algumas delas, como é o caso de Georg Tischendorf (Maximilian Meyer-Bretschneider), o médico que assistiu Ida logo no início, ou a enfermeira Teresa (Klara Deutschmann), que tenta ajudar Ida a fugir. Todavia, esta característica das personagens não é um ponto negativo, pelo contrário, é um retrato fiel à ideia que temos de como se comportavam as pessoas naquela época.
Resumindo, Charité deu-nos um primeiro episódio sólido, com bons desempenhos por parte dos autores e com histórias interessantes, mas que não me cativaram muito. O episódio fez tudo isto enquanto retratava de forma excecional o ambiente e os cenários da época. Espero que nos próximos episódios explorem mais as relações entre as personagens, pois penso que é uma mais-valia para a série.
Cláudia Bilé