[Pode conter spoilers]
Strange, eerie, terryfing tales of suspense and horror!!!
Creepshow é a nova série antológica da Shudder, o serviço de streaming da AMC para os géneros de terror, thriller e sobrenatural, baseada no filme homónimo de 1982 (de Stephen King, com realização de George A. Romero). Com ambos estes grandes nomes na produção, esta série tem, à partida, tudo para dar certo. Será Creepshow a próxima grande série de horror?
Algo que não esperava é o facto de o episódio estar dividido em duas pequenas histórias diferentes. A primeira intitula-se Gray Matter, foi escrita por King e é simplesmente nojenta! Somos introduzidos a um grupo restrito de personagens num cenário bastante comum em séries de terror: uma pequena mercearia numa noite de tempestade imensa. Contudo, apesar de parecer bastante óbvio o que se segue, acreditem, não é. Algo que pensei assim que o episódio começou e Tobin Bell (saga Saw) apareceu foi “Olha aquele de Saw. Depois de toda a nojice dos filmes vai ser bom vê-lo noutro registo”. Ah! Que ingénua.
Mesmo sendo uma história de 20 minutos, tem tudo o que precisa para ser de qualidade: ambiente assustador, suspense e uma sucessão narrativa que prende o espectador ao ecrã o tempo inteiro para descobrir o que se está a passar. Foi nojenta e um pouco nonsense no fim, mas no geral gostei bastante.
A segunda metade do episódio desenvolve a short story intitulada The House of the Head, protagonizada por Cailey Fleming (a pequena Judith Grimes de The Walking Dead). Esta história é completamente diferente da precedente. Também aqui há um número limitado de personagens, mas num ambiente totalmente normal: a casa de família da miúda. Não há horror, não há terror, não há nojice. Há sim muito suspense e Fleming faz um trabalho excelente. A inocência que ela introduz na personagem (já com Judith é a mesma coisa) faz com que quem vê fique com todos os sentidos em alerta. Será que vai acontecer alguma coisa a esta criança super querida? Será que vai acabar por se revelar um ser esquisito? Foram muitos os “Será que…?” que me passaram pela cabeça em tão pouco tempo e adorei. Contudo, o desfecho não foi nada do que se poderia esperar e, nesse aspeto, fiquei um pouco desiludida.
Definitivamente gostei mais desta segunda parte do que da primeira, ainda que em ambas não tenhamos realmente uma explicação para o que acabou de acontecer e isso seja um pouco anti-climático. Algo que creio já ter visto noutras séries é a intercalação de cenas iniciais e conectoras ao estilo da banda desenhada, ou seja, o cenário seguinte é apresentado como se fosse uma página de uma comic.
No geral, Creepshow revelou-se como uma série inovadora que tem definitivamente algo a oferecer aos géneros do horror, terror e sobrenatural. A presença de Stephen e King e Greg Nicotero na produção parece-me uma mais valia e os inputs de ambos neste episódio foram evidentes. É um piloto que concretiza a premissa da série, oferecendo-nos uma realização um pouco fora do normal, mas que aguça a curiosidade para ver os restantes episódios e descobrir quais são as outras histórias creepy que têm planeadas para nós.
Beatriz Caetano