Mais um dia, mais uma série espanhola a entrar na gigante Netflix. Eu acompanho e sou fã das séries criadas em terras de nuestros hermanos. Então uma ambientada em plena cidade de Madrid (que eu adoro) ainda melhor. Mentira. Ainda há melhor. Li artigos que chamam à série o novo Sex and the City e que Valeria é baseada numa série de livros de uma escritora valenciana. É a série perfeita para esta primavera tão triste que todos estamos a ter fechados em casa. Mas nem tudo podia ser mau, não é?
Ora bem, Valeria tem por base os livros de Elisabet Benavant, En los zapatos de Valeria (em português, Nos Sapatos de Valéria), que estão à venda em Portugal (se estiverem interessados). A protagonista é mesmo Valeria, uma mulher na casa dos 30 anos e casada há seis anos, e no primeiro episódio sabemos que ganhou um concurso de escrita que lhe deu a oportunidade de escrever o seu primeiro romance. As suas melhores amigas são Nerea, Carmen e Lola. Portanto, temos o nosso Sex and the City versão madrilena. Um grupo de quatro amigas já nos seus 30s cheia de problemas na vida, mas se que se têm umas às outras para apoio. E Valeria até é escritora como a própria Carrie e Lola é uma doida como Samantha. Das outras ainda temos pouca informação mas é óbvio que Nerea é uma Miranda e Carmen é Charlotte. Só que estamos num continente diferente, as protagonistas têm idades diferentes e estamos numa altura diferente do século XXI.
Comecei a ver o primeiro episódio a saber pouco sobre Valeria. Sabia que era sobre uma escritora que estava “bloqueada” e interessou-me de imediato porque eu própria escrevo e às vezes a inspiração não vem. No entanto, os problemas de Valeria vão para lá da escrita. É óbvio desde a primeira cena entre os dois que ela e o marido já não estão em sintonia, já não comunicam, já não há química. Valeria já se apercebeu disso mas obviamente ainda não consegue admiti-lo a si própria. Não é fácil reconhecer que o casamento fracassou.
No entanto, a vida de Valeria sobre um abalo quando conhece o charmoso Victor, amigo de Lola e recém regressado a Madrid depois de ter trabalhado no estrangeiro. É charmoso, é simpático, ouve-a e dá conselhos. Tudo aquilo que Adri não tem feito e Victor virou a cabeça de Valeria ao contrário. Já as amigas, têm os seus próprios problemas, desde relações com homens casados, insegurança de admitir os sentimentos e orientação sexual não revelada aos progenitores (achei esta última meio cliché mas pronto, é ver para crer).
Honestamente, adorei o primeiro episódio de Valeria e os 37 minutos passaram a correr. Não conhecia nenhuma atriz, mas fiquei fã de todas elas e vi que entraram em personagem de pés juntos. Adorei o ambiente, de ver as ruas de Madrid, as cores, os risos, o ambiente leve, a juventude. Ao contrário do que aconteceu na geração de muitos baby boomers, nós da Geração à Rasca não temos todos a vida decidida e encaminhada até aos 30 anos. Não temos todos o emprego que queremos, marido/mulher, filhos, uma situação económica estável. Muitas vezes nem sabemos o que andamos a fazer da vida e só dá vontade de ligar às amigas e ir beber cervejas. E é isso que nos mostra Valeria. A protagonista tem supostamente a vida resolvida, mas a realidade está bem longe disso.
Valeria conta até à data com oito episódios que têm em média a duração de 40 minutos cada e todos estão disponíveis na Netflix.
Maria Sofia Santos