For Life – 01×01 – Pilot
| 22 Fev, 2020

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[Pode conter spoilers]

A história apresentada nesta nova aposta da ABC e do AXN Portugal, For Life, é baseada na história real de Isaac Wright Jr., um homem que foi condenado injustamente e que se representou a ele mesmo para anular a sua sentença de prisão perpétua. Este novo drama é produzido pelo rapper Curtis ‘50 Cent’ Jackson e conta então a história de Aaron Wallace (Nicholas Pinnock) que se vê acusado de um crime que não cometeu. Já na prisão, revoltado, decide não desistir e defender a sua verdade e inocência para poder voltar para junto da sua amada família.

Neste piloto podemos ver que a série tem um propósito e um jogo final em vista, em vez de uma elipse que poderia permitir que a história continuasse para sempre sem haver um desenvolvimento interessante na situação do personagem principal. Ou seja, este episódio mostrou potencial. É uma premissa interessante, e que mostra como o sistema judicial é insidioso, com muitas falhas e que piora a cada dia, especialmente com todos os juízes de direita que têm vindo a ser nomeados. É claro que numa série deste tipo são necessários alguns episódios para que o enredo tenha as pernas necessárias para suportar toda a história, e acho que como o tema é interessante vale a pena descobrir se este será o caso.

Nestes quarenta e poucos minutos houve um carisma real de rua e alguma crueza, ocupando um espaço a meio caminho entre a realidade e o fantasioso, que funcionou bem para mim, e suspeito que possa funcionar igualmente bem para muitos outros. Houve telefonemas apressados, olhares fixos, conversas tensas e apertadas na sala de visitas que foram tratados com muito pormenor e delicadeza, em que o ator principal entrou com um desempenho estável e medido, sem deixar a desejar (a meu ver).

Mas o mais interessante neste episódio, em termos dramáticos e temáticos, foi a disposição de Wallace de dobrar e violar as regras para conseguir justiça! No entanto, será que o público (incluindo eu) teria acreditado que Aaron queria realmente voltar para casa com talvez 50% menos manipulação emocional relacionada à sua ex (Joy Bryant) e filha adolescente (Tyla Harris)? Absolutamente. Mas nem tudo poder ser perfeito, certo? Certamente. Gostei também de ver Peter Greene como um nazi que está preso na mesma prisão de Bronx chamado Wild Bill. Carisma e ameaça instantânea!

Para concluir, o tema principal é (como já referi) deveras interessante e diferente do que estou habituado a ver. No entanto, o background da história parece-me ser mais uma daquelas séries típicas FOX e AXN, com muito drama familiar e problemas sem um conteúdo verdadeiramente forte, intrigante e misterioso e em que cada episódio acontece um caso diferente (mas posso estar enganado, com um episódio não dá para ter 100% de garantias do que sairá daqui). E claro que isto não é necessariamente mau, apesar de não ser uma série genial e fantástica é um bom slow burn para passar bem o tempo! Também o facto de ser uma série de drama focada numa questão particular de justiça social, com referência específica à raça, está em sintonia com os tempos – tais programas são comuns em cabo e streaming.

Podes acompanhar a série a partir do dia 27 deste mês, no canal AXN.

Filipe Tavares

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