Spinning Out é uma das primeiras apostas da Netflix para 2020 e, quanto a mim, é a primeira agradável surpresa no mundo das séries no novo ano. Focada na patinagem artística, a série tem potencial para chegar a um público muito mais vasto que somente os amantes desta modalidade.
Temos como premissa uma patinadora, Kat Baker, prestes a chegar aos anos dourados da sua carreira, mas que sofre uma queda aparatosa que liberta uma série de receios e sombras que a retraem constantemente e a impedem de estar ao seu melhor nível. Paralelamente, vê a sua irmã ultrapassá-la e a chegar mais próximo do sonho dela na pista de gelo. Assim, Kat vê-se forçada a escolher entre abandonar de todo esta paixão ou passar para a modalidade de pares com o estereótipo em pessoa de “bad boy”, riquinho e mulherengo.
A personagem de Kat é interpretada por Kaya Scodelario que muitos vão reconhecer do ecrã onde deu nas vistas em Maze Runner e no último filme da saga Pirates of the Caribbean. A verdade é que o papel lhe encaixa que nem uma luva. Kaya lidera um conjunto de personagens muito interessantes desde a sua irmã, passando pela sua treinadora, o potencial parceiro de pista e culminando na sua mãe que é interpretada por January Jones (X-Men: First-Class) e que faz um papelão como a mãe atormentada por uma doença mental e que descarrega nas filhas, toda a frustração de não ter alcançado os seus sonhos na patinagem.
Com uma fotografia delicada e detalhada, e que aliás se pode comprovar logo pelo genérico, com uma banda sonora envolvente, a série reúne argumentos para cativar e prender os espectadores ao ecrã. Devo deixar também o elogio ao trabalho de montagem que em cada cena na pista de gelo me convence que estes atores são profissionais desta modalidade.
Trata-se de um verdadeiro drama, que passa bem além da pista de gelo e mergulha no profundo problema da saúde mental, sendo que mãe e filha vivem com uma doença que vai dando os seus sinais quando a pressão da modalidade e das suas relações sociais e familiares as põem à prova e explora os meandros das relações destas personagens fora e dentro da pista.
Não tinha qualquer expectativa quando experimentei ver este piloto, não sou particular fã de patinagem artística apesar de reconhecer a beleza das atuações. Tinha apenas alguma curiosidade em ver Kaya Scodelario depois a ter visto várias vezes em filmes onde me chamou à atenção. A verdade é que quando dei por mim já tinha visto o piloto e de rajada, os três episódios seguintes e aconselho todos os fãs de séries a darem uma oportunidade a este Spinning Out.
André Borrego