[Pode conter spoilers]
Truth Be Told, baseada na obra Are You Sleeping de Kathleen Barber, acompanha Poppy Parnell (Octavia Spencer), uma jornalista que quer desvendar a verdade sobre o veredito de um assassinato, através do seu podcast. Tudo começa quando Poppy se apercebe que alguns dos artigos que escreveu aquando o julgamento do caso podem ter influenciado o mesmo, e 19 anos mais tarde está pronta para reabrir e reconsiderar o caso.
Poderia ser mais uma série de crime policial com detetives e agentes da polícia, mas Truth Be Told traz ao espectador uma jornalista que não irá parar enquanto não encontrar a verdade que procura, mais uma romantização da profissão, talvez? A mim não me incomodou, é sempre bom ver personagens fortes e convictas. Mesmo parecendo um enredo linear e do mundo dos sonhos, a série não deixa de ser realista quando a protagonista se confronta com Warren, o alegado assassino, condenado em adolescente, que se assumiu nazi nos seus anos enquanto prisioneiro. Poppy vê os seus valores (e os da sociedade) interferirem com a sua vontade de provar a sua inocência e a sua confiança é abatida. Este facto acaba por tornar a história, e em especial, o piloto, mais interessante visto que quando ela questiona os seus amigos sobre o que deve ou não fazer é como se o espectador fosse também interrogado e obrigado a pensar sobre a sua posição no debate.
Octavia interpreta bem o seu papel, não diria que foi espetacular pois também não existiram muitas cenas em que o conseguisse demonstrar. O restante elenco está dentro da normalidade, sem que nenhum se tenha destacado positiva ou negativamente. Julgo que o potencial (ou falta dele) dos mesmos se conseguirá revelar nos próximos episódios. Dito isto, espera-se que a história “aqueça” e fique cada vez mais intrigante, visto que o primeiro episódio foi mais introdutório (assim como devia ser). Ainda assim, é de notar que o desenrolar não é lento, talvez pelo facto de serem apenas seis episódios.
O nível técnico foi o que mais apreciei, desde a banda sonora à visualidade. O som nota-se que foi trabalhado e cada música escolhida a dedo. Já a nível visual, o que mais me vislumbrou foi a paleta de cores escolhida, seguida da composição dos planos e da sua edição que não foram feitas ao acaso.
Ainda que não considere o argumento muito diferenciador, fiquei intrigada para ver o desfecho do caso e o desenvolvimento de Poppy – sim, porque espero que as personagens tenham um seguimento e uma personalidade, e não só se trate do caso e da sua resolução. Esta série é para quem gosta das típicas séries policiais, mas também para quem não gosta visto que retrata uma história de forma mais “séria” e pesada e levará o seu tempo a ser contada.
Ana Leandro